Deputados sorocabanos debatem ao vivo o impeachment de Dilma e fica evidente a cautela de um, o fogo do outro e uma só certeza: as manifestações de rua vão influenciar o voto

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Os deputados federais Vitor Lippi (que teve mais de 100 mil votos apenas em Sorocaba na sua eleição) e Jefferson de Campos (que mora em Sorocaba e teve votos em mais de 500 municípios participaram ao vivo hoje da coluna O Deda Questão no Jornal da Ipanema (FM 91Mhz) para falar sobre o comportamento de cada uma deles no processo de impeachment da presidente Dilma. Alguns pontos ficaram evidentes no discurso de cada um dos parlamentares. Lippi que estava no estúdio enfatizou a crise econômica pela qual passa o Brasil e repetiu suia posição de que ela é fruto da crise política. Jefferson, que falava pelo telefone, concordou com essa visão e enfatizou o que Lippi havia dito sobre a falta de credibilidade do governo para lidar com a crise econômica. Lippi deixou claro que esses elementos deixam ele convencido de votar a favor do impeachment de Dilma. Jefferson, mais comedido, enfatizou que a votação não deve ser sobre essa incapacidade do governo, mas sobre o argumento técnico e jurídico contido no pedido de impeachment, ou seja, as chamadas pedaladas fiscais. Pedi que ambos dissessem seus votos. Lippi declarou pela cassação do mandato e Jefferson não quis externar seu voto para não ficar impedido de ser escolhido pelo seu partido (PSD) para fazer parte da comissão que vai elaborar o documento que será votado pelo plenário a favor ou contra o impeachment. Mas os dois, Lippi e Jefferson, deixaram um certeza: os votos de todos os parlamentares será influenciado pela pressão das ruas. Se o sentimento for pela cassação de Dilma, eles vão ceder. Se houver dúvida ela mantém-se no governo.

Vale lembrar que após instalada a comissão que vai elaborar o pedido de impeachment da presidente, Dilma terá dez sessões para fazer sua defesa e somente então haverá uma data para que o plenário faça a votação. O impeachment de Collor em 92 demorou 28 dias, imagina-se, pelo rito e o recesso parlamentar de Natal e Ano Novo que o processo de Dilma dure o dobro, ou seja, cerca de 56 dias. Caso os deputados peçam o impeachment, Dilma será afastada do comando do Brasil e fica de licença até que o Senado faça sua votação. O juiz da decisão no Senado não será do presidente da Casa, mas do presidente do Supremo Tribunal Federal. Ela sendo absolvida, voltará ao comando do país até que a data da eleição de 2018. Se ela for impedida, há entendimentos que o vice-presidente assume o comando e segue até o final do mandato em 2018.

A verdade é que além da pressão das ruas, o papel do PMDB será decisivo para o futuro de Dilma. Obviamente que o cenário desse processo muda a cada dia, mas se a votação fosse hoje Dilma seria absolvida. Elas precisa ter do seu lado 172 parlamentares e tem mais de 210. Mas como lembrou o deputado Jefferson hoje durante a entrevista. Na véspera do impeachment, Collor tinha deputados suficientes para se livrar da cassação e até houve um jantar dos aliados em torno do presidente. Mas a pressão, de falar seu voto ao vivo para o Brasil, leva o deputado a mudar de idéia. Por isso, repito, o cenário muda a cada dia e qualquer certeza hoje é apenas um palpite. Seja ela dada pela oposição ou pelo governo.

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