E o rádio sorocabano ficou mais triste

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A morte de José Rubens Bismara, diretor presidente das emissoras Cacique AM, Ondas Tropicais e Cacique II FM, deixa o rádio sorocabana mais triste. Zé Rubens, como carinhosamente era chamado, era uma figura ativa no comando das suas emissoras – até recentemente apresentava diariamente o programa “Instante de Fé”.

Jornalista e advogado, José Rubens Bismara tinha 88 anos e passou boa parte do seu último ano internado no Hospital da Unimed em Sorocaba. Conversei com Tadeu, seu filho, num dos recentes jogos do São Bento no CIC e ele disse que o pai estava sofrendo na cama do hospital, mas lutando pela vida.

Essa era uma de suas características, lutar para transformar os seus ouvintes: “Ele sempre acreditou que a comunicação, através do rádio, tem o poder de transformar vidas”, informa o comunicado oficial do seu falecimento que partiu da direção da rádio.

Zé Rubens era atento também aos comunicadores que empunhavam os microfones da sua emissora. E a prova disso são as declarações de amor a ele que atuais e ex-funcionários lhe dedicam. Separo a de Jane Sampaio que, no meu entender, sintetiza que foi Zé Rubens: “E o nosso velhinho hoje foi embora… Eu nunca poderia imaginar tanta tristeza com a sua partida! Velhinho bravo, mas que nos ensinou tanto… Me deu a oportunidade de realizar meu sonho… E eu? Retribui sempre dando o meu melhor! Sempre muita gratidão… Do momento em que coloquei os pés na Cacique FM até meu último instante só aprendizado! Velhinho que dava a oportunidade á todos, até estufar o quadro de funcionários! Brigava comigo direto! Mas eu não ligava! Gostava dele de coração! Vi o senhor passar daquele homem forte á uma criança inocente! E essa criança inocente me olhar com olhos de ternura e muita bondade… Nunca vou me esquecer! E eu nunca imaginei que a dor seria tanta assim… Ah se não fosse o Senhor! Fez dos meus dias turbulentos porém, os mais felizes e também os melhores e inesquecíveis! Foram 26 anos juntos! Os melhores anos! Obrigada Dr. José Rubens! Meu coração chora… E chora sentido! Descanse… Já cumpriu sua missão! Sou grata á tudo! Meu coração chora de verdade pela sua partida…”

Na vanguarda da comunicação

As rádios Cacique são líder de audiência na faixa popular de público. É uma opção que deu certo e isso fez da emissora a única a receber em Sorocaba verbas do governo federal ao longo das gestões de Lula, Dilma e Michel Temer. E agora, no governo Bolsonaro, é a única emissora que obteve autorização para cadastrar um jornalista para as coberturas no Palácio do Planalto.

Mas por um instante, e isso não pode ser esquecido, Zé Rubens abriu uma exceção nesse perfil da emissora. Posso me enganar no ano, mas era início da década dos anos de 1980 (talvez 1979?) e aos domingos meu amigo Luiz Algarra (filho do Freitas Júnior, ícone do rádio sorocabano) dava início ao projeto de uma rádio que falava com seu ouvinte sem bajulação das autoridades (vamos nos lembrar que era anos da ditadura militar) e que originou o projeto TV Pirata. Algarra, na rádio Cacique, foi o precursor do que viria a ser Ernesto Varela (repórter fictício do apresentador Marcelo Tas) e do extinto programa CQC (Custe o Que Custar). E isso tudo graças, obviamente, repito, a uma exceção aberta pelo já saudoso Zé Rubens Bismara.

Bibliografia

Natural da vizinha Tietê, José Rubens Bismara, nasceu no dia 07 , de maio, de 1930, vindo a residir ainda criança em Sorocaba. Cidadão Sorocabano, foi assim reconhecido com titulo concedido pela Câmara Municipal. Ao lado do pai, fundou, a Rádio Cacique no ano de 1951. Fez do Radio sua vida , dedicando milhares de horas , em defesa da sociedade, através do tradicional programa a Hora do Titio, e posteriormente na apresentação do Jornal da Cidade.

Jose Rubens Bismara, deixa esposa, filhos, netos, bisnetos e um grande número de pessoas amigas que estavam com ele, todos os dias, acompanhando o Instante de Fé.

Seu velório foi na Ofebas e o sepultamento no cemitério Pax na Árvore Grande.

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