Mercado ficou parado no tempo

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A Orquestra de Violas de Sorocaba ganhará o nome de Zé Franco, em homenagem ao famoso comerciante do Mercado Municipal, que faleceu em 14 de julho do ano passado, durante evento especial agendado para ocorrer na próxima terça-feira (15), às 19h, em frente ao imponente prédio de arquitetura art déco – um estilo de artes visuais, arquitetura e design internacional que começou na Europa em 1910, conheceu o seu apogeu nos anos 1920 e 1930 e declinou entre 1935 e 1939.

A Orquestra de Violas de Sorocaba teve início em 14 de novembro de 2018, numa iniciativa da Secretaria de Cultura e Turismo, com o objetivo de resgatar a viola caipira como uma expressão da cultura popular brasileira. Werinton Kermes, secretário da Cultura, teve a ideia encampada pelo prefeito Crespo, de dar o nome de Zé Franco à Orquestra de Viola. Justa homenagem.

Opção de não evoluir

Ao ler o anúncio dessas ações, o nome de Zé Franco à Orquestra de Viola Caipira e o evento no Mercado Municipal, me lembrei de quando eu fui secretário da Cultura, em 2005, do apoio que recebi do Zé Franco para despertar nos comerciantes do Mercado Municipal o sentimento de que aquele espaço não é tão somente um lugar de venda de produtos. Levar, uma vez por mês, aos sábados, música ao vivo na frente do Mercado foi uma luta inglória. Os comerciantes viam a música como algo que “atrapalhava” a ordem do local.

No GloboNews Literatura, que vi sábado passado, o apresentador estava no Chile e conversava com personagens daquele país sobre livros, autores, publicações e um deles escolheu dar a entrevista no Mercado Municipal de Santiago (quem não visitou, se programe que vale a pena) para comer um prato específico, me esqueci o nome, que era o preferido de Pablo Neruda naquele local. Quando estive no Mercado de Montevidéo, no Uruguai, sai de lá com a vontade de trazer a Sorocaba o conceito de pegar a carne num açougue e assá-la ali mesmo para comer. Em Barcelona, no Mercado, comi das coisas mais gostosas do mar. Em Madri, no Mercado San Miguel, parecia uma criança no parque de diversões. A verdade é que quando vou a uma cidade, quero conhecer o seu mercado. Lá se vê o que há de melhor para comer e da essência de um povo, ou seja, da cultura daquela cidade.

Em Sorocaba me incomoda o fato dos mercadistas ainda resistirem a qualquer mudança. São rígidos em seu horário comercial e com a exceção de algum salgadinho ou café, praticamente não se tem nada para comer lá. Uma boa refeição se faz no prédio atrás, passando pela rua, perto do banheiro. Não fosse iniciativa como essa de Werinton Kermes e nem música haveria no local.

Sorocaba perde com um Mercado com o conceito tão início do século 20 quando já andamos bastante no século 21. Está na hora de uma nova vida vida para o local que, além de dar nova grandeza aos comerciantes ali instalados, daria, certamente, uma nova dinâmica ao centro de Sorocaba como um todo.

Que fique claro: o Mercado Municipal é dos lugares que mais adoro ir em Sorocaba. E se você não vai lá faz algum tempo, volte. O papo é ótimo e os produtos são bastante variados e de qualidade.

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