Quem é o dedo-duro dentro da Câmara?

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O presidente da Câmara Municipal, vereador Fernando Dini, durante a sessão ordinária desta quinta-feira, 2 de abril, repudiou o modo como a Comissão de Vereadores foi recebida na manhã da última sexta-feira, 29, no Hospital Regional do CHS (Conjunto Hospitalar de Sorocaba), quando esteve no local “de surpresa” e foi recepcionado por toda a diretoria do local, que é terceirizada.

Ou seja, alguém de dentro da Câmara de Sorocaba, foi o dedo-duro da visita.

A comissão foi formada porque os vereadores receberam denúncias, inclusive com fotos, de que havia pacientes nos corredores do CHS e estava precário o atendimento do hospital. E eles queriam ver com os próprios olhos. Porém, no dia e hora marcados, estava tudo em perfeita ordem.

E, na sessão de hoje, Dini deixou claro nas entrelinhas do seu discurso que o objetivo é saber quem é o dedo-duro do Poder Legislativo: “Para nossa surpresa, fomos recepcionados por toda a diretoria do hospital, que havia acabado de fazer uma reunião e se encaminhava para a recepção, onde os diretores se depararam com a comitiva de vereadores, o que mostra que a nossa visita, que deveria ser sigilosa, foi vazada”.

Clima tenso

O presidente da Câmara repudiou a forma como os vereadores foram tratados, observando que, na medida em que os parlamentares foram fazendo questionamentos sobre o atendimento, o clima deixou de ser amigável e o trabalho dos vereadores não foi devidamente respeitado. “Como presidente da Câmara Municipal de Sorocaba não posso me omitir diante de uma situação como essa. Esta Casa tem de ser respeitada e vamos continuar exigindo respeito à saúde da população”, afirmou Dini.

Presidente ganha apoio

Vários vereadores apoiaram a atitude do presidente da Casa e se manifestaram sobre a visita. O vereador Renan Santos (PCdoB) também repudiou o tratamento dado aos vereadores e disse que o Seconci (Serviço Social da Construção Civil do Estado de São Paulo), que administra o hospital, “ainda não disse a que veio”.

A vereadora Fernanda Garcia (PSOL) enfatizou que os problemas com a limpeza do Hospital Regional podem ter consequências no aumento das infecções hospitalares e disse que irá cobrar da Vigilância Sanitária o resultado de uma vistoria que teria sido feita no hospital.

A vereadora Iara Bernardi (PT) lembrou o “histórico de denúncias” relativas ao Hospital Regional e, entre os atuais problemas da unidade de saúde, elencou a falta de equipe de apoio, especialmente de pessoal de limpeza. Também ressaltou que a UTI Neonatal do Hospital Regional, segundo informações que recebeu, está superlotada, “enquanto o novo Hospital Regional continua subutilizado”. A vereadora defendeu que seja feito um debate para definir o papel de cada hospital no sistema de saúde, “estabelecendo quem atende o quê”.

Wanderley Diogo (PRP) disse que um hospital deve ser um “local de cuidado com a população” e defendeu o direito dos vereadores fazerem vistoria nas unidades de saúde, uma vez que há muitas denúncias de pacientes quanto ao atendimento. Já o vereador Pastor Apolo (PSB) disse que, segundo informações que recebeu, pouca coisa mudou no Hospital Regional com a terceirização.

Por sua vez, o vereador Irineu Toledo (PRB) afirmou que “não é preciso ser médico para saber que o atendimento à saúde é péssimo” e defendeu a fiscalização realizada pelos vereadores.

Vereador médico vê melhorias

O presidente da Comissão de Saúde, vereador Hélio Brasileiro (MDB), disse que observou melhoras no centro cirúrgico do Hospital Regional, com cinco salas funcionando, inclusive fazendo cirurgia de grande porte no momento da visita dos vereadores.

O parlamentar também observou que a direção do hospital, por intermédio de Maristela Honda, vice-presidente do Seconci, disse que a unidade está aberta à visita dos vereadores. “O que nós podemos é fiscalizar e abrir diálogo; a decisão é do Poder Executivo”, afirmou Hélio Brasileiro, defendendo uma ampla audiência para debater os problemas da saúde e tentar buscar uma solução conjunta.

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