Vereadores resistem “as ordens” sucessivas dadas pelo prefeito. Ufa!

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O prefeito Crespo identificou “um alto número de atestados médicos apresentados” por servidores públicos concursados na Prefeitura de Sorocaba, portanto com estabilidade no emprego, e para combater esse fato decidiu mudar a concessão de licença-prêmio para os servidores públicos municipais, reduzindo de 90 para 30 o total de faltas permitidas para que o servidor tenha o direto de licença-prêmio.

Uma lógica absolutamente arbitrária do “Toma Lá, Dá Cá” ou do “Olho por Olho, Dente por Dente”. É como se o prefeito dissesse: vocês querem faltar, então vão perder esse benefício aqui.

O prefeito se perguntou o motivo dos “altos índices de absenteísmo do funcionalismo público municipal”, para usar as palavras dele.

E quanto é esse alto?

Para piorar, o prefeito simplesmente enviou aos vereadores o projeto sem nenhum tipo de debate. É como se estivesse dando uma “ordem” aos legisladores. Ainda bem que o bom senso prevaleceu, com a Câmara rejeitando essa mudança na sessão extraordinária da última quinta-feira.

Execrando os devedores

Outra espécie de “ordem” dada pelo prefeito aos vereadores diz respeito a sua intenção de um criar placar dos devedores, usando, no meu entender, a mesma lógica da força, ou seja, do “Olho por Olho, Dente por Dente”, é como se estivesse dizendo: vocês estão devendo para a prefeitura, então terão seus nomes expostos.

Na verdade, não é placar, é um Cadastro Informativo Municipal contendo as pendências de pessoas físicas e jurídicas perante órgãos e entidades da Administração Pública Direta e Indireta do Município.

Ainda bem, de novo, que os vereadores resistiram a essa “ordem” e, pior, lógica do prefeito.

E deixo aqui novamente a pergunta: por que essas pessoas devem? É por falta de dinheiro para pagar, malandragem ou espécie de resistência?

Outra vez, nenhum debate sobre isso que, verdadeiramente, é o importante de saber e conhecer, pois diz muito sobre quem somos.

Moção de repúdio

Na semana de comemoração do aniversário de Sorocaba, supostamente, a diretora da Escola Municipal Achilles de Almeida, Elaine Ortiz, teria boicotado o desfile dos alunos da instituição. Essa suposição levou o prefeito a “dar a ordem” ao então secretário da pasta de demitir a diretora. Como não é possível demitir, então, de transferir ela de uma escola boa (a tradicional Achilles) para outro posto em local distante e de menor “glamour”. E a “ordem” foi cumprida, afinal em seus subordinados o prefeito manda.

Ainda bem que não manda na Câmara, que por 19 votos a 1, na sessão de quinta-feira passada aprovou a Moção nº 09/2018, de autoria da vereadora Fernanda Garcia (PSOL), que manifesta repúdio ao prefeito José Crespo e a Mário Bastos, então secretário municipal de Educação, em razão da transferência da diretora.

Na justificativa da vereadora, aprovada pela esmagadora maioria dos seus colegas, incluindo todos da base do próprio prefeito, a transferência (a “ordem”) foi um ato arbitrário e de perseguição.

O prefeito, novamente, perdeu a grande chance de saber o que levou a diretora a tomar a decisão de não levar sua escola ao desfile. Foi mesmo insubordinação? Admitir que a não participação do Achilles no desfile se deve à falta de estrutura da escola, uma vez que a Prefeitura não disponibilizou verba para a fanfarra, motivando a decisão do Conselho Escolar de não participar do evento, seria, enfim, admitir uma falha de sua própria organização. E isso seria muito para quem quer tudo “em ordem”.

Pensamento dominante

O prefeito Crespo tem externado com suas atitudes, e reuni 3 exemplos nessa postagem, um desejo coletivo da sociedade brasileira de “ordem”.

Ninguém é contrário a qualquer organização e muito menos ao que é certo. Ninguém prega a bagunça, a falta de hierarquia. Ninguém quer uma sociedade onde Quem Pode Mais Chora Menos. Mas se deseja, de verdade, a construção de um bom senso coletivo e de respeito ao outro, sejam eles, subordinados ou a sociedade. Menos “ordem” prefeito e mais diálogo. Só assim teremos um futuro de harmonia social, que é o ambiente possível para se corrigir injustiças e criar condições para quem pode menos possa ter o respaldo dos que podem mais.

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