O vereador Crespo em junho de 2016 – antes de iniciar a campanha à Prefeitura de Sorocaba, da qual saiu vitorioso se tornando o prefeito – entrou com representação no Ministério Público e também com uma ação popular na Justiça para impedir a assinatura do contrato do BRT (Bus Rapid Transit) pelo prefeito Pannunzio porque o custo operacional do BRT é “impagável”, palavra dele. E conseguiu. Pannunzio entendeu que não deveria assinar o contrato e não assinou.
Porém, sem que esse contrato tivesse modificação alguma, especialmente nos valores, Crespo assinou o contrato e a cerimônia de lançamento das obras está marcada para o dia 22 de setembro, quando Crespo lançará oficialmente as obras do BRT (Ônibus de Trânsito Rápido) na Avenida Itavuvu, esquina com Atanásio Soares, em Sorocaba.
O que aconteceu para que o prefeito Crespo mudasse de opinião em relação ao vereador Crespo?
Sem resposta. Segundo a assessoria de comunicação da Prefeitura, o “BRT Sorocaba representa a evolução do modal, trazendo características que marcarão a cidade em prol do desenvolvimento”. E vai além: “As vantagens do BRT vão além da mobilidade, pois permite que se eliminem veículos das vias, contribuindo para a fluidez do trânsito trazendo agilidade e dinamismo à vida das pessoas”.
Contas não batem
Mas o texto da assessoria de Comunicação da Prefeitura afirma: “O Consórcio BRT Sorocaba terá o prazo de concessão por 20 anos. Serão investidos 384 milhões em obras de infraestrutura, projetos, desapropriações, material rodante e ITS. Sendo R$ 127 milhões liberados pelo Ministério das Cidades, através da Caixa Econômica Federal, para infraestrutura. A concessionária também fará um investimento de R$ 65 milhões e a prefeitura de Sorocaba investirá R$ 6,7 milhões, reservados para mudanças em redes de água, esgoto e outras interferências necessárias. O restante será da iniciativa privada”.
Se custa R$ 383 milhões, e haverá liberação de R$ 127 milhões da Caixa mais R$ 65 milhões do Consórcio do BRT e mais R$ 6,7 milhões da Prefeitura (cujo a soma é R$ 199 milhões) quem é que vai pagar os outros R$ 185 milhões?
A resposta é “iniciativa privada”. Quem? Iniciativa privada não é uma entidade como são Caixa, Consórcio e Prefeitura. Falta, sim, explicação para se saber se é o prefeito Crespo ou o vereador Crespo quem está com a razão.
O que é o BRT
O BRT é um sistema de transporte público baseado no uso de ônibus, uma via exclusiva para os coletivos, com design próprio e voltado para as necessidades desse tipo de modal. O modal foi criado pelo arquiteto Jaime Lerner, ex-prefeito de Curitiba, em 1974. As obras do BRT Sorocaba iniciam-se pelo Corredor Itavuvu com preparação do canteiro de obras e remanejamento das interferências como postes, fiação e guias.
Estão previstos 68 km de corredores de BRT, 28 estações, três terminais integrados, quatro estações de integração, 128 ônibus com wi-fi e ar-condicionado com capacidade para 160 passageiros e quatro lugares para cadeirantes.
O projeto do BRT prevê três corredores que serão implantados em vias com pista dupla e canteiro central nas Avenidas Itavuvu, Ipanema, Armando Pannunzio e também General Carneiro. Também contará com faixas exclusivas nas Avenidas São Paulo, Rua Comendador Oeterer, Rua Hermelino Matarazzo, Av. Antônio Carlos Cômitre, Av. Washington Luiz e Av. Pereira Inácio. Todas serão executadas pelo Consórcio BRT Sorocaba – Terra Transportes, Construções e Participações Eireli; CS Brasil Transportes de Passageiros e Serviços Ambientais; Pinese Vieira Ltda.; Comaro Engenharia Ltda. e FBS Construção e Pavimentação S.A.
As obras do BRT
O corredor Itavuvu, primeiro a ser construído e que ligará as regiões norte ao centro, contará com 5,9 km de extensão, 10 Estações de Embarque e Desembarque, 02 Estações de Transferências e 1 Terminal na Rua Antônio Silva Saladino. Para isso, as ciclovias ao longo da Avenida Itavuvu passarão por modificações, o traçado exclusivo para bicicletas será mantido no canteiro central e dividirá espaço com as estações de ônibus.
As intervenções nessa fase envolvem a construção de um viaduto ligando a Avenida Ipanema à Rua José Joaquim Lacerda. A construção terá o financiamento do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), a antiga Corporação Andina de Fomento. Mesmo não tendo ligação direta com a implantação do BRT, será construído para melhorar o fluxo viário na região, acabando com a lentidão no tráfego nesta área.
Estações de Embarque / Desembarque
As Estações de Embarque / Desembarque serão módulos (estruturas cobertas) instaladas no canteiro central, com plataformas elevadas ao nível do veículo (95 cm), com total acessibilidade. Serão equipadas com controle de acesso por catracas, portas automáticas, sistema de som e circuito interno de TV, painéis de informação aos usuários e máquinas de atendimento automático de venda de bilhetes. Serão 29 Estações de Embarque / Desembarque.
Frota de BRT
A frota de veículos será composta por 125 ônibus novos, sendo 41 articulados com capacidade para 141 passageiros; 11 padrons especiais, com capacidade para 96 passageiros e 73 padrons, com capacidade para 82 passageiros.
Os veículos terão portas à direita com degraus e elevador para pontos de parada fora do corredor BRT, e portas à esquerda no nível da estação para operação nos corredores BRT.
Linhas de Ônibus
Em paralelo ao BRT, as linhas de ônibus que já operam na cidade serão reestruturadas para que se alinhem ao novo sistema. A Consor e a STU serão responsáveis por 13 linhas que se integrarão ao BRT e utilizarão as faixas exclusivas. A Consor, que opera 49 linhas na cidade, terá 6 linhas BRT, que serão: 58 – Vitória Régia; 45 – Paineiras; 42 – Laranjeiras; 62 – São Bento; 62/1 – São Bento 2; 70 – Novo Horizonte. Já a STU, responsável por 58 linhas já existentes, fará 7 linhas do BRT, que serão: 11- Manchester; 15 – Jardim São Paulo; 17 – Central Parque; 60 – Ouro Fino; 63 – Esmeralda; 73 – Júlio de Mesquita; 77 Santa Bárbara.
Ao todo serão 16,7 km de faixas bidirecionais exclusivas para o BRT, com 28 estações e 4 para integração do BRT. Os três terminais, que serão instalados nas avenidas Antonio Silva Saladino, Ipanema e Armando Pannunzio, somarão 15 mil metros quadrados.
As linhas que já operam serão mantidas e operarão dos bairros até os terminais BRT. As linhas que têm demandam menores seguirão até os terminais BRT e voltarão para o bairro, já linhas mais populosas, seguirão pelo corredor até o terminal Santo Antônio.