O prefeito Crespo, acompanhado do secretário de Relações Institucionais e Metropolitanas, Flávio Chaves, e do Chefe de Gabinete do Poder Executivo, Alexandre Robim, foi até a Câmara de Sorocaba, na tarde de quinta-feira (20 de setembro), para um bate-papo com o presidente da Câmara, Rodrigo Manga, e com os vereadores, com o objetivo de debater políticas públicas em diversas áreas.
Este, exatamente, é o texto enviado pela assessoria do prefeito Crespo à imprensa para anunciar à comunidade o evento da agenda do prefeito.
Algo absolutamente singelo e normal na vida de qualquer cidade, certo? Não no caso de Sorocaba.
Ex-vereador, desde quando assumiu o cargo de prefeito Crespo teve uma postura de isolamento no Palácio dos Tropeiros. Ao invés de dialogar, despachava seus projetos aos vereadores. Ao invés ser transparente e dar ciência de seus atos, projetos e intenções, Crespo simplesmente agia sozinho.
A primeira vez que percebi o modo inusitado do prefeito, logo nos primeiros dias de seu governo, foi quando da “inauguração” de uma das portas do Paço Municipal que ficou fechada por longos anos dos governos do PSDB. Havia um simbolismo no que fez Crespo, mas sem saber se portar, me pareceu mais uma ação do personagem de Odorico Paraguaçu na novela Sucupira, exibida nos anos 70, na TV.
Após esse ato vieram outros num comportamento cada vez mais esdrúxulo: dar a chave da cidade (que ele próprio confeccionou em madeira e pintou) à vice, quando viajou com seu partido para a Alemanha; até trocar a fechadura da sala da vice, impedindo-a de entrar no Paço, no auge da briga com ela após sua segunda viagem, dessa vez à Fátima, em Portugal.
A imagem que o prefeito construiu para si nos primeiros seis meses de governo vai perseguí-lo até o final de sua vida pública. É bem provável que consiga a proeza de ter seu governo aprovado e a sua figura reprovada se não fizer nada para modificar isso. O fato é que exageros são de sua personalidade e um exemplo recente foi afastar a diretora de uma escola por ela ter se recusado a desfilar na data cívica e ter que engolir o contrário após a decisão da justiça. Tem, ainda, o episódio em que foi fiscalizar uma linha de ônibus na periferia e ter discutido rispidamente com o motorista.
Secretários de sua confiança dizem que Crespo parece o médico e o monstro, ou seja, no comando da prefeitura e do governo é de uma capacidade digna de admiração, mas quando fala de improviso se porta como alguém absolutamente despreparado. Um outro me disse assim: Crespo chega a ser brilhante em questões de gestão, mas do ponto de vista da inteligência emocional fica perto da burrice.
Seja como for, desde que o ex-prefeito Flávio Chaves chegou ao governo, Crespo tem tido paz. A sua relação com a Câmara de Vereadores e com cada parlamentar nunca foi tão boa. Ao contrário do constante stress que vivia em razão de articulações e ações de vereadores, agora vive no que interpreto como lua de mel com a Câmara. Algo absolutamente inimaginável há um ano quando foi cassado em 24 de agosto de 2018 ou quando retornou ao cargo no dia 5 de outubro de 2018.
Às vésperas de celebrar o seu retorno de um ano ao cargo, o prefeito inicia neste sábado as obras do BRT, teve participação efetiva na inauguração de uma nova fábrica na cidade (leia postagem anterior) e tem uma extensa agenda de ações de governo. Mesmo assim, ainda, sua imagem é a mesma dos seus primeiros atos de governo, ou seja, de desgaste perante a opinião pública.
Essa sensação aparece em dados do Indsat, empresa que afere o índice de satisfação da população em cidades paulistas. Veja o que diz a empresa: O governo de José Crespo (DEM) é considerado o pior entre as 10 maiores cidades do Estado de São Paulo. A Administração Pública de Sorocaba foi reprovada por 55% dos entrevistados e recebeu Baixo Grau de Satisfação. O levantamento foi realizado pela Indsat durante o 1º trimestre de 2018. Apenas 7% dos moradores avaliaram positivamente o governo de Crespo. Do total, 38% responderam que a gestão do prefeito é “regular”, 21% classificaram-a como “ruim” e 34% disseram que é “péssima”.
Encontros como este (foto) na Câmara, onde fica evidente que está selada a paz entre os poderes, podem fazer bem à imagem do prefeito, com certeza mal na faz.