O sistema BRT (Trânsito Rápido de Ônibus) representa a evolução da mobilidade no ambiente urbano trazendo qualidade no desenvolvimento e relação entre o deslocamento das pessoas e a cidade.
Assim, na campanha eleitoral para prefeito de 2012, era apresentado a Sorocaba um dos temas que dominou a disputa daquele ano não apenas no 1º turno, mas igualmente no 2º com os então candidatos Pannunzio e Renato Amary tentando convencer o eleitor que era o mais capaz de mudar a lógica do transporte público em Sorocaba, através do BRT.
A imagem que ilustra essa postagem é da propaganda eleitoral de Pannunzio, que ganhou a eleição, mas apenas 4 anos depois, em seu último ano de governo, foi capaz de desatar os nós para implantar o BRT em Sorocaba. Mas aí já era 2016 e uma nova campanha eleitoral surgiu e no anseio de convencer o eleitor de que o melhor, mesmo, para a mobilidade, não era mais o BRT, aquele de 2012, mas o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) os candidatos mudaram o foco.
Crespo, o vencedor da eleição, além de fazer alarde em torno do VLT era o mesmo que, enquanto vereador, fez severas críticas ao BRT tendo, inclusive, ido ao Ministério Público contra a assinatura do contrato do BRT por parte de Panunzio. Mas, ainda sem explicação, Crespo mudou de idéia e assinou o contrato do BRT e no dia 22 de setembro, portanto há 90 dias, deu início às obras no corredor da avenida Itavuvu.
Ocorre que tanta demora (6 anos) e tanta resistência política ao BRT tirou dele o seu sentido original, aquele anunciado na campanha de 2012, de que é “a evolução da mobilidade no ambiente urbano trazendo qualidade no desenvolvimento e relação entre o deslocamento das pessoas e o meio ambiente”.
Radialistas, vereadores, sindicatos sustentam a resistência ao BRT usando argumentos financeiros, de problemas provocados pela obra, de ausência de relatórios para a intervenção na área onde será construído o corredor para o sistema rápido de ônibus. Pouco, ou nada se vê, de críticas ao sistema em si.
A verdade é que não há motivo para se ter medo do BRT.
Quem usa o transporte público só terá benefícios quando os 16 quilômetros de vias segregadas, com três corredores, três terminais, 28 estações, 24 quilômetros de faixas exclusivas e quatro estações de integração estiverem em funcionamento.
Quem não usa o transporte público, e é daqueles que saem diariamente sozinho em seus carros, certamente encontra razão para ser contrário a qualquer mudança profunda, como o BRT é, no sistema de mobilidade das pessoas.
Por isso, fica o desejo: além do BRT, do VLT (que se luta para que também vire uma realidade) que se acabem também com os lugares para se parar carro, afinal, “quanto mais estacionamento disponível na cidade, mais aumenta o número de veículos nas ruas e o tráfego. É um círculo vicioso. Tóquio é um bom exemplo. Lá existem poucas vagas de estacionamento e um bom fluxo do transporte coletivo, assim como Hong Kong, Budapeste e outras importantes cidades do mundo”, explica Bram Van Ooijenm, holandês, especialista em mobilidade, que defende investimento no transporte público como maneira de interferir no planejamento das cidades, ou seja, na vida das pessoas que vivem nelas.
Por isso, repito, que venha o BRT sorocabano, que ele ofereça um transporte público de alta qualidade, conveniente para o uso da população, e em pouco tempo seja carinhosamente chamado de algum nome bem popular: Rapidão, Frescão, Sossegadão…ou simplesmente ônibus, que é o que ele é.