O acaso fez com que me encontrasse com o deputado estadual sorocabano Danilo Balas e o deputado federal tatuiense Guiga Peixoto (ambos do PSL, partido do presidente Bolsonaro) na manhã de sábado passado na Padaria Real. Eles estavam lá para uma conversa deles e eu estava com Pedro Guerra, amigo de velhas batalhas na luta diária que é a profissão de jornalista.
Pedro é amigo de infância de Danilo Balas, estudaram juntos no Getúlio Vargas e moraram sempre praticamente no mesmo bairro. Balas deixou claro que ficou absolutamente magoado comigo em razão de eu ter dito, durante a campanha eleitoral, ao vivo, no quadro O Deda Questão do Jornal da Ipanema (FM 91,1Mhz), que não o conhecia. A crítica que fiz ao fato dele usar o revólver aparecendo em sua foto de campanha ele não se importou, mas o fato de eu não saber nada dele (absoluta e completa ignorância minha) o machucou.
Combate a Renan Calheiros
Porém, de tudo isso, o que verdadeiramente importa é o que há de interesse público nesse encontro ocasional: ele disse que estava reunido com Guiga para definirem juntos posição a respeito de qual deve ser a estratégia do PSL para derrotar Renan Calheiros (aquele de sempre na história do Brasil, desde 1992, quando Collor foi eleito presidente) que está favorito, no momento, para novamente presidir o Senado brasileiro. Ele não revelou detalhes da estratégia, obviamente, mas isso pouco importa.
O que realmente ao leitor é ficar atento ao fato de um deputado estadual de Sorocaba se reunir num sábado com um deputado federal para influenciar na votação do presidente do Senado. É uma visão política do tuto junto e misturado, ou seja, é a crença de que a ação de um pode movimentar além do seu campo de atuação. É a crença de que da Assembleia paulista pode mexer no Senado através de movimentações na Câmara.
Isso é novidade. Ou alguém viu os deputados estaduais Maria Lúcia Amary (PSDB), Raul Marcelo (PSOL), Carlos Cézar (PSB), Hamilton Pereira (PT), Crespo (DEM), Renato Amary (PSDB), quando estes detinham mandato no Estado, fazendo movimentações para influenciar votações em outros poderes?
É claramente reflexo do novo momento da política brasileira.
Na foto, o diretor do Conservatório de Tatuí na recepção aos dois políticos que prometem “apoio para a cultura na formação do caráter das nossas crianças e resgatar os valores”