Um pai de família de 71 anos foi preso na tarde da última sexta-feira em Sorocaba após ter sido flagrado pela própria filha abusando sexualmente da sua neta (filha da sua filha), de apenas 7 anos, dentro da piscina da casa no bairro Josane, em Sorocada. Segundo o relato da filha do paí preso, ela havia deixado sua filha (a neta) com os avós para ir à uma consulta médica, por volta das 13h e ao retornar, no final da tarde, perguntou para a mãe onde estava a filha. A avó, então, disse que a criança estava na parte de baixo da casa, com o avô. Chegando ao local a mãe da menina flagrou o seu pai (avô da sua filha) segurando as mãos da criança em seu pênis. Foi quando ela gritou com o pai, tirou a filha da piscina e ligou para a polícia. Segundo a PM, a criança confirmou que o seu avô estava levando as mãos dela até o seu órgão genital. Não se sabe qual a reação do avô.
Essa é das poucas notícias que ainda me chocam.
É a inversão da ordem. Um pai protege seus filhos. Amam suas crias. E esse senhor de 71 anos traiu essa lógica de proteger a filha abusando da filha dela. Um pai age como essa mãe agiu, berrando, se escandalizando, tirando a filha das mãos do seu algoz.
Fico pensando – e mentalmente me solidarizando (pois é o que é possível) – nessa mãe, que nem sei que é. A sua dor é algo imensurável. Deve ter passado o final de semana revendo a sua própria vida, lembrando, como um filme, em quem foi esse monstro que ela teve perto de si ao longo de sua vida. E sua mãe, foi igualmente enganada em todos esses anos pelo marido? Como está sendo o começo da semana dessa mãe, verdadeiramente mãe na acepção da palavra, a que cuida e ama?
Que essa mãe tenha força e coragem para enfrentar qualquer pressão que possa estar vindo de irmãos, mãe, tios para que ela retire sua queixa de modo que venha afrouxar a pena que o monstro do seu pai merece. Não será de estranhar de que em nome da preservar a imagem da “família” ou do “coitado do velho” que teve um ato impensado essa mãe venha a sofrer algum tipo de pressão. Que ela resista e tenha ajuda de um marido (ou similar) para fazer valer a verdade.
Que essa mãe tenha amparo para enfrentar a dor da traição do seu pai e oriundas das consequências dessa traição. Seja na sua fé, na sua religião, na sua igreja ou na psicanálise, psiquiatria, psicologia. Seja na amizade, na literatura. Pois só enfrentando a verdade dessa dolorosa dor da traição de seu pai contra a sua filha, acredito, ela terá força para seguir “pedalando” e protegendo a sua filha. Essa criança, com o amor da sua mãe, terá certamente uma vida mentalmente saudável.
Mãe, não sei quem é você, mas saiba que você não está sozinha. Conte comigo e com milhares de pessoas do bem. Siga acreditando que o bem é maior do que o mal, embora você tenha tido o flagrante dessa indescritível traição.