A partir de 1º de novembro de 2019, está proibido vender, oferecer ou possuir qualquer produto feito de isopor em Sorocaba. Empresas e comerciantes terão, portanto, oito meses para se adaptar, antes de começarem a ser multadas, conforme ficou decidido na sessão desta quinta-feira da Câmara de Vereadores de Sorocaba.
O Projeto de Lei nº 246/2018, de autoria do vereador João Donizeti Silvestre (PSDB), textualmente, proíbe o uso de embalagens de poliestireno expandido (isopor) em restaurantes, lanchonetes, bares e similares, barracas e por parte de vendedores ambulantes. Os copos e embalagens de isopor deverão ser substituídos por produtos de origem biodegradável ou reciclável, entre outros materiais que se distinguem do poliestireno.
Haverá multa ao infrator da lei. Caberá a prefeitura sancionar a lei e explicar como vai fazer a fiscalização e qual o ápice da punição quando quem for multado insistir em usar o isopor
Japão e Estados Unidos
Os produtos feitos de isopor prejudicam o meio ambiente, pregam os ambientalistas e essa ideia foi comprada há pelo menos duas décadas no Japão, que vê no isopor um produto cancerígeno, e mais recentemente em Nova York, a grande metrópole dos Estados Unidos e do mundo.
McDonald’s e Dunkin’Donuts
Duas das maiores redes de fast foods do mundo Dunkin’Donuts e McDonalds começaram a deixar de usar embalagens de isopor nos anos 90 e em 2013 abandonaram totalmente o material, o substituindo por alternativas feitas com papel.
Mas isso tem um custo. Em Sorocaba, os vereadores levaram em conta isso?
Chamo a atenção para a fala de Astrid Portillo, dona do restaurante Mi Pequeno El Salvador, no bairro nova-iorquinho de Queens, que disse ao jornal New York Daily: “Eu vou ter de aumentar os preços no meu cardápio com essa nova lei.”
A verdade é que mais cidades Estados Unidos seguirem com a proibição do isopor e isso aumentou a demanda por produtos alternativos barateando seu custo.
A seguir, reproduzo texto do portal BBC Brasil a respeito dessa iniciativa de proibir o comércio do isopor.
O que é isopor?
Comercializado nos Estado Unidos com o nome de Styrofoam, o isopor foi inventado pelo cientista da empresa Dow Chemical Otis Ray McIntire em 1941. Para fazê-lo, pequenas quantidades do polímero poliestireno são misturadas com produtos químicos para se expandiram 50 vezes do seu tamanho original. Após o resfriamento, essa massa é então colocada em moldes – seja de um copo ou de uma embalagem – e passa por um novo processo para expandi-la ainda mais, até que o molde seja totalmente preenchido e as contas se fundirem. O produto final é leve, barato – 95% de sua composição é ar. Suas propriedades isolantes e seu custo barato tornaram o isopor uma escolha atraente nos negócios.
Por que ele é tão prejudicial ao meio ambiente?
Há uma estimativa de que apenas nos Estados Unidos 25 bilhões de copos de café de isopor são jogados no lixo em um ano – para efeito de comparação, 100 bilhões de sacolas plásticas são descartadas anualmente. Nos Estados Unidos, 25 bilhões de copos de café de isopor são jogados no lixo todos os anos. Em 2006, por exemplo, 135 toneladas de produtos de isopor foram despejadas em lixões em Hong Kong – menos de 5% de todo o lixo plástico descartado no país.
Mas mesmo o isopor representando uma parcela pequena do lixo, ambientalistas afirmam que o problema ganha outras dimensões quando ele chega no mar. Segundo Douglas McCauley, professor de biologia marinha da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, há dois problemas causados pelo isopor para os animais marinhos, um químico e o outro, mecânico.
Já o aspecto químico tem a ver com a propriedade absorvente do material. “O isopor age como uma pequena esponja poluente, capturando todos os compostos que mais contaminam o oceano. E então um animal engole isso, pensando ser uma água-viva”
E isso não é perigoso apenas para os animais marinhos para o oceano como um todo. Pode também ser prejudicial para os humanos. “É preocupante que um peixe que ingeriu tudo isso acabe nas nossas mesas”, afirma.
Por que não é possível reciclá-lo?
A dificuldade em reciclar o material é uma das principais razões para Nova York banir o material. Kathryn Garcia, responsável pelo sistema sanitário da cidade, afirmou: “Ninguém conseguiu até agora provar que seja possível reciclá-lo em larga escala, e tampouco há mercado para isso.”
Devido ao processo químico usado em sua confecção, é quase impossível transformar, por exemplo, um prato de isopor em uma embalagem feita do mesmo material.
Há, no entanto, alguns métodos sendo testados, como reciclagem térmica. Mas sua viabilidade em termos de custo e logística de transporte ainda é um problema.