Lili Aymar, prefeita de Araçariguama, cidade da Região Metropolitana de Sorocaba, conseguiu liminar no Tribunal de Justiça para reassumir o cargo após ser investigada e cassada pela Câmara de Vereadores por pagamento de R$ 40 mil em aluguel de imóveis, durante nove meses, que nunca foram usados para abrigar escolas.
Tudo dentro das regras da legislação, um fato absolutamente político.
Mas um vídeo, que mostra a cerimônia realizada no gabinete do Paço Municipal de Araçariguama quando ela voltou a exercer o cargo, revela a superstição que envolve o seu mandato com uma sessão de descarrego (ritual de orações, e outros, para livrar uma pessoa, ou lugar, de espíritos ou entidades sobrenaturais maléficas ou de energias deletérias).
Nas cenas que se vê num vídeo que dura mais de 3 minutos aparece um grupo orando e Carlos Aymar, marido de Lili e ex-prefeito de Araçariguama, limpando a cadeira com álcool (ou algum outro líquido desinfetante). As pessoas que acompanhavam a volta da prefeita vibram com a atitude.
Carlos Aymar, como mostra o take do vídeo que ilustra essa postagem, pergunta, ao berros: “Vai ungir a cadeira, mas primeiro ela foi desinfetada porque por aqui passaram homens maus. Por aqui passaram pessoas que jamais honrariam sentar nessa cadeira. Esta cadeira aqui tem história!”.
As imagens também mostram três homens segurando a cadeira da prefeita e orando. Lili Aymar, que sempre aparece como coadjuvante da cerimônia, quando se senta na cadeira, comemora e ouve-se um coro de vozes: “A Lili voltou”.
Fico chocado quando vejo o dinheiro público, ou responsáveis pelo dinheiro público, escolhidos pelo cidadão, se apegarem as suas individualidades em detrimento do interesse geral de toda uma sociedade.
Que essa afronta que se vê no vídeo seja alvo do Ministério Público, afinal não se pode fazer daquilo que é público (a sala de um prefeito numa prefeitura) algo que seja particular.
Por que foi cassada
Os vereadores de Araçariguama cassaram o mandato de Lili Aymar no dia 7 de fevereiro, após a Comissão Processante apontar que a prefeita gastou R$ 40 mil no aluguel dos imóveis particulares onde seriam instaladas escolas, fato nunca acontecido.
O vice-prefeito João Batista Damy Corrêa Júnior (MDB) assumiu o cargo no dia 8 de fevereiro e permaneceu no cargo até domingo (24), pois no dia 22 a Justiça aceitou o pedido de liminar e Lili Aymar foi autorizada a retornar ao cargo por entender que o sorteio na Câmara para escolher os vereadores da Comissão Processante foi manipulado.