A situação do entorno do presidente Jair Bolsonaro em razão do tuíte em que ele postou um vídeo pornô (aliás, no trending topics mundial do Twitter, #goldenshowerpresident está na terceira colocação, depois #ImpeachmentBolsonaro e #BolsonaroTemRazão ) é de constrangimento.
Para quem?
Para o Brasil, para o governo, para os parlamentares que apoiam as reformas econômicas propostas pela equipe econômica e para os eleitores que votaram em Bolsonaro por serem contrários ao PT, o adversário do 2º turno, e não propriamente favoráveis a ele.
Três ministros, alguns assessores do Planalto e dois importantes deputados do PSL repetiram, com palavras diferentes, a mesma ideia, segundo relato do jornalista Lauro Jardim, de O Globo: “ninguém sabe o que fazer para frear essa compulsão de Bolsonaro por falar demais nas redes sociais e causar problemas para si próprio”.
Jamil Chade, jornalista que há trinta anos é correspondente internacional primeiramente no jornal O Estado de S.Paulo e agora tem um blog no portal Uol, relatou em sua coluna sobre este tema e repito aqui um trecho: “(…) num longo corredor da ONU repleto de imagens que evocam valores universais de direitos humanos, vi que vinha em minha direção um embaixador de um país europeu. O diplomata era um velho conhecido meu que, ao longo dos anos, me forneceu de maneira confidencial informações de reuniões fechadas do Palácio das Nações – como é conhecida a sede da ONU em Genebra. Uma pessoa que jamais mostrou qualquer sinal de intolerância, uma pessoa moderada. Ao se aproximar e apertar minha mão, me parou e, como se fosse cochichar, se aproximou. Pensei que eu iria receber mais uma boa dica do que estava ocorrendo na ONU. Mas, desta vez, a pergunta veio dele: “aquele vídeo foi mesmo postado pelo presidente do Brasil ou era uma conta fake?”. Confirmei que, de fato, vinha do próprio presidente, o que lhe deixou mudo por alguns segundos. Ao se despedir, intensificou seu aperto de mão e, em francês, me disse: “courage”, tentando me incentivar a não perder a esperança. Cada qual seguiu seu caminho (…)”
Num dos grupos de whattsapp do qual faço parte, um sorocabano, seguidor de Olavo Carvalho (aquele “ser iluminado” que consegue enganar muita gente ao mesmo tempo, inclusive os 3 filhos do presidente), se expressou assim: “não estou justificando esse comportamento bobo do presidente, mas chego à conclusão que o Olavo tá certo: o mais importante é vencer a guerra cultural, e estamos muito longe disso, afinal a esquerda pode tudo e a direita não pode nada, nem ficar indignada com a realidade que está postada no vídeo do presidente”.
O problema é que esse vídeo é apenas mais um de uma série de tuítes do presidente desde que ele tomou posse. Para não dizer dos milhares anteriores à sua eleição. Por enquanto, o tratam como bobo. Quero ver quando o ignorarem.
E na mesma proporção que o brasileiro vai perdendo a confiança no presidente, com apenas 67 dias de governo, os generais Mourão, Heleno e Santos Cruz vão ganhando credibilidade pela capacidade de reconhecer os diferentes, respeitar as idéias deles, mas fazer valer suas próprias idéias. Um amigo profetizou que Bolsonaro não chegaria ao fim do seu mandato e eu duvidei. Mas desde esse tuíte pornô começo a achar que ele tem razão. Ou Bolsonaro entende o que é ser presidente e age como tal, ou seu caminho será interrompido.