No mesmo dia do massacre na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo, uma professora percebeu que um de seus alunos, de 15 anos, estava com uma arma (que se confirmou ser de brinquedo, réplica de uma verdadeira) na Escola Estadual Professor Wilson Ramos Brandão, no Parque Ouro Fino, em Sorocaba.
A Polícia Militar foi acionada ao local, apreendeu a réplica de arma, deteve o adolescente e o encaminhou ao plantão policial da zona norte, onde foi elaborado o boletim de ocorrência por ato infracional e apreensão de objeto.
Ele foi liberado na presença da mãe.
Esse caso é apenas um problema dessa mãe e seu filho? Não, absolutamente. É da comunidade escolar da na Escola Estadual Professor Wilson Ramos Brandão, mas é da sociedade sorocabana como um todo. É do Brasil.
Primeiramente é preciso entender o motivo desse adolescente estar com uma “arma”. Qual a sua intenção? Se proteger? Se sim, do que que? E, se sim, porque a “arma” lhe dá segurança? Se não era se proteger era a de ameaçar. Nesse caso, quem? E por qual motivo? Sendo as duas razões, se proteger e ameaçar, onde nasceu dentro desse jovem o sentimento de eliminação do outro?
Ainda bem que ele tem uma mãe. E que ela – e todas as mães – olhem para seus filhos de modo que eles se sintam olhados. Um filho precisa sentir que é alvo de atenção e cuidado dos pais. Só assim ele se sentirá amado.
Numa sociedade onde todos precisam trabalhar numa casa para se ter um renda suficiente para pagar o custo de estar vivo, o cansaço faz com que muitas vezes os filhos sintam-se negligenciados. Mas é importante o esforço de prestar mais atenção aos filhos e suas atitudes; se interessar pelas mensagens do celular ele não significa invadir a sua privacidade, mas de preservá-la; saber sobre o que e com quem eles estão falando não é bisbilhotar ou impedir que tenha sua vida própria, mas construindo uma relação de confiança e plenitude, afinal os pais são responsáveis pelos atos de seus filhos. E, hoje em dia, essa realidade é confortavelmente negligenciada.