Os três, agora, ex-secretários municipais (Eloy de Oliveira, secretário de Comunicação e Eventos; Hudson Zuliani, secretário de Licitações e Contratos; e Werinton Kermes, secretário de Cultura e Turismo) deixaram seus cargos alegando inocência das acusações que estão sendo alvo da Operação Casa de Papel – ação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), braço do Ministério Público paulista; da Delegacia Seccional de Sorocaba, da Polícia Civil; e do TCE (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo) – para investigar contratos entre a Prefeitura de Sorocaba e uma empresa voltada à terceirização de serviços municipais, cujo os valores excedem a R$ 25 milhões.
Mas, volto a frisar, aliás o que tenho feito desde segunda-feira, quando da realização da operação: as investigações vinham sendo realizadas há seis meses, portanto, não há improviso. O Setor Especializado de Combate à Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro da Delegacia de Polícia Seccional de Sorocaba entregou à promotora de Justiça Maria Aparecida Rodrigues Mendes Castanho, do Gaeco, e ao delegado seccional Marcelo Carriel, da Polícia Civil, consistente material que indica para o desvio de dinheiro público, fraudes em licitações e corrupção de agentes públicos. Ou seja, a Polícia e o MP não seriam levianos em fazer a Operação Casa de Papel sem convicção.
O que explica, então, essa divergência das partes?
No momento, por todos os elementos conhecidos até aqui, a tendência é considerar que os acusados estão mentindo, pois, repito, foram seis meses de investigação antes de ocorrer a acusação feita pela Polícia e MP. Obviamente que acusação não é condenação, não é culpa sem julgamento e os acusados terão a chance de explicar as razões que os colocam nesta incômoda situação e a Justiça dirá se eles têm razão nessa argumentação firme, de todos, de que são inocentes.
Secretário de Cultura
Werinton Kermes, o primeiro a tomar a iniciativa de deixar o governo após as acusações, em conversa comigo, me disse que minha postagem “Crespo perde chance de agir como Itamar” (https://odedaquestao.com.br/crespo-perde-chance-de-agir-como-itamar/) o auxiliou e influenciou a tomar a decisão de pedir exoneração do cargo.
Em carta pública sobre sua saída, Werinton afirma: “(…) Seguro de não ter agido de forma ilícita, coloco-me à disposição das autoridades, me dispondo a quebrar meu sigilo bancário e fiscal para comprovar que jamais fiz da carreira pública um meio de enriquecimento. Profundamente abalado com a Operação Casa de Papel sigo sereno em relação a apuração dos fatos e esclarecimento da verdade (…)”.
Secretário da Comunicação
Me encontrei com Eloy de Oliveira dentro da Prefeitura, na segunda-feira, enquanto a operação ainda estava em curso, e ele estava acompanhado de um delegado. Perguntei se ele estava sendo preso e antes que Eloy me respondesse, o delegado me falou num tom perto de ser descontraído: claro que não, ele está sendo averiguado. E antes que eu fizesse qualquer outra pergunta, o delegado me disse que o único autorizado a falar da operação era o delegado seccional.
Eloy me disse que não sabia de nada e estava surpreso com tudo aquilo. Ele me disse que foi acordado com a polícia na sua porta. O número de whattsapp dele, que registra o último acesso no dia 8, às 6h06, não atende mais chamadas desde então. Ele foi claro em me dizer: não tem nada de errado, deve haver alguma confusão.
Secretário de Licitações
Em carta protocolada ao prefeito, Hudson Zuliani afirma a Crespo (de quem é amigo pessoal há mais de 25 anos e trabalha há pelo menos igual período com ele) que foi “surpreendido com a diligência policial em sua casa” e diz que seu nome foi “incluído nas investigações de maneira infunda e injusta: Não há nada contra a minha pessoa”, afirma Zuliani em sua manifestação endereçada ao prefeito. Num outro trecho, afirma “estar com a consciência tranquila e certo de que a verdade sobre a sua lisura perante a administração pública será evidenciada”.
Desdobramentos da operação
Não existe um prazo legal para o desdobramento da Operação Casa de Papel. Mas o material dos seis meses de investigação será cruzado com documentação recolhida em computadores, prefeitura e casa dos acusados. Após esse cruzamento de dados, somado com depoimentos, é que será formalizada alguma acusação e, somente então, terá início o julgamento.