Quando Renato Amary assumiu a Prefeitura de Sorocaba, no longínquo janeiro de 1997, mostrou o caos financeiro que herdava de seu antecessor Paulo Mendes.
Quando Vitor Lippi, em janeiro de 2005, sucedeu Renato Amary, o Brasil e o mundo viviam o seu melhor momento, e ninguém reclamou de nada.
Quando Pannunzio sucedeu Lippi em janeiro de 2013, em que pese a delicadeza do seu discurso, havia nele a clareza de uma pesada herança deixada pelo seu antecessor.
Quando Crespo assumiu, em janeiro de 2017, passou meses falando da herança maldita deixada por Pannunzio.
Agora, depois da cassação de Crespo, Jaqueline passou seu mês em silêncio, mas teve como matraca os fatos: atrasos nos repasses aos hospitais e empresas de lixo.
Essa repetição de comportamento é um modo de mostrar a eficiência e capacidade de gestão de quem está no comando e, simultaneamente, demonstrar a fraqueza do antecessor. Essa é a visão de muitas pessoas que acompanham a vida política para explicar a rotina dos comportamentos dos últimos prefeitos nas últimas décadas.
Há, no caso específico de Jaqueline, que está apenas há um mês no comando, o desconhecimento dos dados. O que é perfeitamente explicável tendo em vista que ela não fazia parte da vida administrativa da cidade.
É o caso de se cobrar da Câmara, dos vereadores, que soubessem mais disso, afinal eles sim tiveram participação ativa na fiscalização. Ou deveriam ter tido.
Um exemplo: o contrato com a empresa que administra a UPH da Zona Norte e Oeste previa o corte de 25% caso fosse mantida em funcionamento a UPH da Zona Leste, o que foi feito. Esse corte poderia ter sido feito antes. Já foi feito.
Com medo da consequência política, nem Pannunzio e nem Crespo fecharam o plantão 24 horas do PA de Brigadeiro Tobias, mas é sabido que o custo financeiro de funcionamento daquela unidade, quando colocado na ponta do lápis, é exorbitante e absolutamente desproporcional, sendo que quem precisa de atendimento poderia tê-lo com qualidade na UPH da Zona Leste.
O dinheiro da folha de pagamento e do 13º dos servidores está todo ele separado e não há risco algum de que venha faltar. O risco é zero de que os servidores venham receber com atraso, portanto.
Enfim, tomara que isso tudo seja verdade. Que seja apenas uma guerra de discurso. Que seja apenas uma queda de braço político, ou seja, que Jaqueline tenha pintado um monstro, um caos, para apresentar a solução, que já estava aí.
Essa guerra, de egos, interessa a eles, políticos. Ao cidadão interessa que a cidade vá bem.