No filme “O Destino de uma Nação”, de modo didático, está a história da resistência de primeiro-ministro britânico Winston Churchill contra a ocupação nazista na Grã-Bretanha, em 1944. Mais que isso, esta a convicção de não se curvar ao nazismo, fascismo ou ditadura e os motivos disso. Em resumo: uma nação que morreu lutando, se levanta; a que morre, se curvando, curvada fica.
O mais duro combate de Churchill, no meu modo de ver, não se deu contra Hitler, mas contra seus pares, os membros do seu partido, membros do parlamento como ele, que em nome de preservar os cidadãos britânicos queriam um “acordo” com Hitler.
Vejo que vivemos exatamente um momento muito parecido com aquele. A democracia corre um sério risco no Brasil. Os ataques deliberados contra a imprensa, um dos alicerces de qualquer Nação democrática, ultrapassaram os limites aceitáveis.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair, declarou guerra ao usar seu espaço no Congresso Nacional – e suas redes sociais – para afirmar que a jornalista Patrícia Campos Mello pode ter “se insinuado sexualmente em troca de informações para tentar prejudicar a campanha de Jair Bolsonaro”.
Essa tentativa de linchamento violento de uma das mais combativas jornalistas do país, baseado em uma mentira de cunho sexual, tem sempre o mesmo objetivo: encobrir, tirar o foco, desqualificar, desviar a atenção de algo verdadeiro, no caso, a denúncia de um crime eleitoral cuja a investigação está em curso na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito das Fake News e da discussão que nada interessa aos atuais donos do poder.
Hans River Nascimento, ex-empregado de uma agência de disparo de mensagens digitais, mentiu à CPMI, atacou de forma abjeta a repórter, e foi desmascarado por reportagem da Folha de S.Paulo, que desmentiu ponto a ponto o que foi dito por ele na audiência, expondo material enviado pelo próprio Hans à reportagem, como áudios, fotos, planilhas e reproduções das trocas de mensagens – inclusive uma em que ele dá em cima da jornalista e ela, educadamente, o ignora.
Como um bom fascista, Eduardo, ignora a verdade e propaga a mentira. Ele sabe, como o mentor de Hitler já havia ensinado, que qualquer repetida mil vezes se torna “verdade”.
É a isso que Churchill resistiu e é a isso que nós, cidadãos, precisamos resistir. Não aceite que seu parente, amigo, colega de trabalho propague mentira. Combata-a. Não dá mais para tolerar tais insultos. Basta!
Abaixo-Assinado
Reproduzo, texto do abaixo-assinado de jornalistas que repudiam o ataque a Patricia Campos Mello e, assim defendem o jornalismo profissional e a democracia:
Nós, jornalistas abaixo assinadas, repudiamos os ataques sórdidos e mentirosos proferidos em depoimento à CPMI das Fake News por Hans River, ex-funcionário da empresa Yacows, especializada em disparos em massa de mensagens de Whatsapp, à jornalista da Folha de S.Paulo Patricia Campos Mello.
Sem apresentar qualquer prova ou mesmo evidência, o depoente acusou a repórter, uma das mais sérias e premiadas do Brasil, de se valer de tentativas de seduzi-lo para obter informações e forjar publicações.
É inaceitável que essas mentiras ganhem espaço em uma Comissão Parlamentar de Inquérito que tem justamente como escopo investigar o uso das redes sociais e dos serviços de mensagens como Whatsapp para disseminar fake news.
Nós, jornalistas e mulheres de diferentes veículos, repudiamos com veemência este ataque que não é só a Patricia Campos Mello, mas a todas as mulheres e ao nosso direito de trabalhar e informar. Não vamos admitir que se tente calar vozes femininas disseminando mentiras e propagando antigos e odiosos estigmas de cunho machista.
Em defesa do jornalismo profissional e da democracia, assinam… (segue a lista de nomes).