Quem ganha milhões com o App que muda de sexo uma selfie

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Desde o dia 4 de junho, quando a empresa russa Wireless Lab atualizou o seu aplicativo FaceApp (anteriormente ele era usado para projetar as pessoas na velhice), transformando selfies de homem em mulher e vice-versa, o seu uso voltou a ficar na moda no Brasil. Famosos e anônimos estão adorando o app e postando os resultados nas redes sociais ou zoando os amigos em grupos de Whatsapp.

O que nem todos que estão “brincando” no aplicativo sabem é que a empresa Wireless Lab, devido ao FaceApp, está envolvida em polêmicas sendo acusada de “roubar” os dados dos usuários que baixam o aplicativo. E “roubar” está entre aspas porque quem baixa e usa o aplicativo o faz de vontade própria, porém sem saber que ao fazer isso está abrindo alguns dos dados da política de privacidade da rede para a empresa da Rússia. E, obviamente, tem zero controle sobre o que a empresa faz com os seus dados.

Em resumo, ao baixar o aplicativo o usuário dá à Wireless Lab a possibilidade dela coletar 7 dados deles:

1) As fotos que são escolhidas pelo usuário

2) A banda consumida pelo app

3) O histórico de compras Informações de redes sociais (caso o login seja feito por outra plataforma)

4) O modelo do celular

5) Resolução da tela

6) Tipo de sistema operacional

7) Alguns dados de sua navegação online, como sites que foram visitados.

A Wireless Lab, já foi investigado nos Estados Unidos pelo FBI (o Departamento Federal de Investigação), diz que essas informações são usadas para melhorar o app, direcionar anúncios e para prevenir fraudes. Também diz que os dados podem se tornar anonimizados, ou seja, sem informações pessoais que identifiquem o usuário.

Obviamente que para direcionar um anúncio para o usuário, a empresa cobra do anunciante e cara. Mas as pessoas não se importam em enriquecer a empresa russa dando-lhe de graça a matéria-prima da sua fortuna. Assim como não se importam em fazer o mesmo com o Google e o Facebook. Todas elas afirmam que não compartilha informações com terceiros e que usa as dados exclusivamente para o propósito do aplicativo.

 

FBI investigou

 

O motivo que levou o FBI a investigar a empresa russa foi uma carta enviada pelo senador americano Chuck Schumer, que pedia ao órgão uma investigação. O FBI analisou os termos de uso do app e destacou que a Wireless Lab explora os mesmos dados dos celulares que as redes sociais também usam, com a diferença de que o FaceApp envia as fotos dos usuários para manipulação em servidores na nuvem.

O FBI também se mostrou reticente sobre a veracidade do que a empresa diz fazer. “O FBI considera qualquer aplicação móvel ou produto similar desenvolvido na Rússia, como o FaceApp, como um risco potencial de contrainteligência, tendo como base os dados que o produto coleta, seus termos de uso e políticas de privacidade e os mecanismos legais disponíveis ao governo russo que permitem acesso a dados dentro das fronteiras russas”, diz o documento escrito em resposta a Schumer.

 

App racista

O FaceApp já foi considerado racista, pois o aplicativo embranquece pessoas pretas e indianas quando elas usavam um filtro com a justificativa de “embelezá-las”. Recentemente, o pesquisador Tarcízio Silva, mestre em comunicação pela Universidade Federal da Bahia, lembrou essa história em sua rede social. A empresa teria alegado ao jornal The Guardian que o tal branqueamento era “um infeliz efeito colateral da rede neural subjacente causado pelo viés da base de dados para treinamento, não comportamento intencional”.

 

Reconhecimento facial

 

A Wireless Lab se compromete em não repassar as fotos dos usuários do aplicativo para ninguém, mas brechas no termo de uso permitem que ela ache um novo nicho para faturar com as informações do seu celular. Uma possibilidade seria o da empresa russa criar um Banco de Dados Facial e vender as imagens dos rostos para empresas que podem usar as fotos para reconhecimento facial. Além disso, como as imagens estão em servidores de terceiros, podem ser roubadas por cibercriminosos e até mesmo serem usadas para falsificação de documentos, conforme alerta da empresa de segurança Kaspersky.

FotoAs quatro imagens ilustrando esta postagem são minhas e foram feitas por uma filha e um amigo, em grupos diferentes de whatsapp.

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