Por razões pessoais, nos últimos sábados estive na rua Válter Gomes no bairro Júlio de Mesquita em Sorocaba, uma rua com cerca de 100 residências entre casas e sobrados. Em todas essas minhas idas, um som absurdamente alto sai de uma casa.
Incomodado com o barulho, fiquei parado na frente da casa. Um homem sem máscara, sem camisa, apenas de calção, corpo musculoso, aparentando uns 30 anos, ficou me encarando. Não dissemos nada um ao outro.
À pessoa que fui visitar, perguntei: eu não aguentaria esse barulho, me incomoda muito, como vocês suportam?
Percebi que ela ficou assustada com a possibilidade do tal vizinho poder ouvir o conteúdo da nossa conversa, embora o som altíssimo impedisse até mesmo que eu e ela nos escutássemos direito.
Ela me disse que espera apenas sair a aposentadoria do marido para ela sumir dali, palavras dela. Ela me informou que já houve briga da rua inteira com o rapaz, mas ele não respeita ninguém. Me disse, ainda,que não adianta chamar a Polícia Militar ou Guarda Municipal porque ninguém aparecesse.
Ficou claro, são reféns em suas próprias residências.
Fui embora incomodado.
Me lembrei de um episódio da série “Os Soprano”. O chefe da famiglia vive de resolver problemas, inclusive como esse de desinteligência. O método, que não segue o que preconiza a legislação, sempre é eficiente. Na ficção.
Na vida real, a foto que ilustra essa postagem é de um carro de São João da Ponte (MS). Uma pessoa, que assina como Vingador Mascarado, escreve uma palavrão no carro e deixa um bilhete dizendo que perdeu uma noite de sono devido ao barulho provocado pelo dono do tal carro. E ameaça voltar se novamente o barulho lhe tirar outra noite de sono. E pede desculpa pelo prejuízo, mas diz que burro só aprende assim.
Na vida real, em Sorocaba, há uma lei para pacificar essa questão do abuso do som alto que diz “(…) série de situações configuram a perturbação do sossego como sons excessivos em festas e bares, obedecendo o limite máximo de tolerância de 85 decibéis. A multa pelo descumprimento dessa legislação chega ao valor de R$ 5.531,24 e para os casos de multa por reincidência o valor é de R$ 11.062,48 (…)”.
Na vida real não há Guarda Civil suficiente para se fazer cumprir a lei.
Na vida real, falta educação, falta respeito ao outro, falta empatia, falta bom senso. Ainda bem que existe a vida fantasiosa das séries, como “The Soprano”, para ajudar a manter a sanidade num mundo de chucros.