Foco no dinheiro e não na solução do problema

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Quando eu tinha 22 anos, em 1989, morei por alguns meses na cidade de Haia, na Holanda, e infinitas coisas me chamavam a atenção naquele “mundo novo” que se abria para mim, um jovem recém diplomado em jornalismo e que deixou para trás, aqui no Brasil, rara oportunidade de emprego para ir em busca de conhecimento empírico.

E ainda hoje uma lembrança me persegue: um jovem punk (cabelos espetados, jaqueta de couro repleta de ícones, jeans surrados, botas pretas, peircings…), por volta da 1 hora da manhã, parado no semáforo de pedestre numa rua sem trânsito algum, fosse de carro ou gente. Não havia viva alma na rua naquele momento, mas o punk – o estereótipo da contracultura – respeitava o semáforo. Apenas quando ficou verde para ele, o punk saiu caminhando.

Reúno em minha memória uma série de outros exemplos que me chocaram no “mundo novo” que estava conhecendo longe de Sorocaba.

Ao tomar conhecimento que hoje, dia 21 de setembro, a Prefeitura de Sorocaba volta a ativar os radares eletrônicos para registrar flagrantes de infrações de avanço do motorista de carro no sinal vermelho e também de motoristas que param em cima faixa de pedestres, em 12 pontos de Sorocaba, essa história do punk me voltou à memória.

Está claro que a opção do poder público tem sido o foco no dinheiro, em arrecadar uns trocados do fora da lei, e não na solução do problema que, obviamente, é o da cultura do motorista.

Em hipótese alguma sou favorável a quem não respeita o sinal vermelho do semáforo. Mas, como motorista, me pergunto por qual motivo a Prefeitura de Sorocaba não investe na chamada “onda verde”, ou seja, no conjunto inteligente de semáforos de modo que quando um motorista, em uma grande via, passa pelo sinal verde quando chegar no cruzamento seguinte ele também encontrará verde o sinal para ele passar.

O que leva muitos motoristas a passarem no vermelho, mesmo que com cuidado, é o fato do tráfego não fluir. Não justifica que ele passe no vermelho, mas ajuda a entender porque ele age assim. E, novamente, me pergunto: por que a Prefeitura não implementa a “onda verde” em Sorocaba? Uma das respostas, entre outras que possam existir, é que o foco está na arrecadação de dinheiro, deixa o motorista ser multado para o cofre ficar mais cheio. Uma pena.

Já é hora, já passou da hora, do foco ser na solução do problema (isso significa a implementação da “onda verde”) e pela educação, ou seja, todo motorista flagrado ao passar no vermelho deveria ficar três horas numa sala fechada assistindo a filmes e ouvindo palestras para “aprender” porque se deve respeitar as regras de convívio social.

Segundo a Urbes, empresa pública que gerencia o Trânsito e Transporte de Sorocaba, o objetivo da volta dos radares nos semáforos, que estavam suspensos desde 2018, é proporcionar mais segurança para a mobilidade urbana e reduzir a ocorrência de acidentes em cruzamentos. Ou seja, não há relação alguma em aumentar a arrecadação com as multas.

Semáforos com radar

avenida Dom Aguirre x rua Coronel Cavalheiros

avenida Washington Luiz x avenida Barão de Tatuí

avenida Juvenal de Campos x praça Dom Tadeu Strunck

avenida Edward Fru Fru Marciano da Silva x rua Atanázio Soares

avenida Antônio Carlos Comitre x rua Frederico Júlio

rua Souza Pereira x rua Dr. Álvaro Soares

avenida Dom Aguirre x Rua Pedro Álvares Cabral

avenida Angélica x rua Isaltino Guanabara Rodrigues da Costa

avenida Dr. Afonso Vergueiro x rua Humberto de Campos

avenida Dr. Armando Pannunzio x avenida Américo de Carvalho

avenida Ipanema x rua Adolfo Frederico Schleifer

avenida Dr. Afonso Vergueiro x rua Miranda Azevedo

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