Logo depois que inaugurei a coluna O Deda Questão no Jornal da Ipanema em 2013 (atualmente é Jovem Pan Sorocaba, FM 91,1Mhz), questão de meses, ocorreu no Brasil o mesmo fenômeno que se via pelo mundo das manifestações sequenciais contra as atitudes dos políticos.
Me lembro do apresentador José Roberto Ercolin dizendo que eu havia identificado aquele movimento, os Black Bloc, como algo novo, duradouro e não apenas um modismo passageiro.
O que se viu nos últimos sete anos, pelo mundo, foi uma repulsa grande pelo Político e pela Política. O que significa uma guinada ao autoritarismo, contra a democracia, uma vez que não se conhece nada melhor do que a escolha de representantes.
O movimento que elegeu Bolsonaro presidente surfou nesta onda, em que pese hoje, eleito, o presidente aja cada vez mais como político.
Há um resquício muito grande na sociedade contra os políticos. Isso tem migrado inclusive para outros poderes, em particular o Judiciário por lambanças de alguns magistrados em especial do STF (Supremo Tribunal Federal).
É compreensível o desgosto pelos representantes, mas não é compreensível qualquer tipo de simpatia por qualquer regime que não seja o democrático. Ao menos enquanto não se encontrar um melhor do que ele.
Me lembro de tudo isso em razão do pedido do Ministério Público Eleitoral da cassação da chapa do candidato a prefeito de Sorocaba Manga Prefeito e Fernando Vice. Eles são acusados de abuso econômico e compra da legenda do Avante do candidato Flaviano.
Sem dúvida isso é um baque na candidatura de Manga. Ele vai conseguir, entendo, mesmo que com liminar, levar adiante sua candidatura. Mas é substancial a acusação do promotor (isso pode ser lido nos sites dos jornais e emissoras de rádio da cidade). Mesmo que ela tenha o desfecho apenas depois da eleição, ela terá consequências sérias para Manga.
Se prejudica Manga, obviamente as outras sete candidaturas que disputam a prefeitura de Sorocaba se beneficiam deste seu revés.
Mas, minha experiência nesta segunda-feira, dia seguinte ao pedido do Ministério Público Eleitoral, mostra que os atos de Manga, apontados pelo MP, prejudicam a classe política. Ouvi muita gente falando que político não presta mesmo. Me ofendi com isso. Em que pese minha consciência tranquila por minhas ações, aos olhos do cidadão comum político é tudo igual. E não é. E, repito, não existe modelo melhor do que o da representação política.
Vamos defender a democracia, os Políticos bons e a Política e abominar apenas os que usurpam essa condição.