Publicidade “vendida” como material editorial

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O jornal Cruzeiro do Sul voltou a negar sua história, seu propósito e sua credibilidade centenária ao publicar no final de semana um caderno de 8 páginas sobre os 100 dias do governo do prefeito Manga, tratando esse período, e o próprio prefeito, com uma láurea completamente desconectada da realidade mundial que vive a pandemia de Coronavírus, responsável pela morte de mais de 320 mil brasileiros, sendo mais de 1.100 deles sorocabanos.

O caderno trata o governo e seus 100 dias como sendo uma bolha desta triste realidade. Trata prefeito e seu mandato como se fossem gigante, para usar o mesmo termo do Cruzeiro.

Essa postura chocou muitos leitores, inclusive eu. Nunca vi uma aberração tão grande nas páginas do Cruzeiro, embora nos últimos tempos eu tenha me chocado com algumas de suas posturas. Para ilustrar esta publicação, do lado esquerdo, reproduzo a manifestação de Paulo Arantes, uma pessoa que respeito e diz muito do que penso deste caderno.

Porém, ao contrário das 8 páginas impressas, tratadas como jornalismo, o próprio Cruzeiro do Sul em sua homepage de Internet afirma que a mesmíssima publicação é um “Informe Publicitário” (imagem à direita). Detalhe que faltou estar impresso nas 8 páginas.

Não entro no teor sobre a verdade do que está escrito sobre os 100 dias do governo Manga, pois o problema não é esse, mas o contexto destas informações.

A verdade jornalística se dá num conjunto que se refere à soma 1) do que que o governo fez, 2) no contexto em que foi feito e a 3) necessidade urgente da comunidade. Nas 8 páginas impressas, o Cruzeiro nega esta relação e na homepage tenta justificar. Não creio que conseguiu. Triste fim de um matutino o de vender publicidade como se fosse jornalismo.

Eu entendo que o momento é crítico, um veículo de comunicação está com sua receita baixa e os parceiros de uma entidade pública possam ajudar. Seria perfeitamente louvável, na minha visão, se o dinheiro gasto nesta publicidade (sobre o qual não sei quem é e nem os envolvidos na transação comercial) fosse para enfatizar a necessidade do cidadão participar ativamente do combate ao coronavírus. Até o governo federal, um assumido negacionista, tem usado sua publicidade oficial para dizer ao brasileiro a importância da vacina no momento. Mas jogar láureas a um governo que fez muito menos do podia em razão do contexto de nosso momento histórico, aliás, como qualquer outro governo desses 5 mil tantos municípios do Brasil, é algo sem nexo, sem propósito e uma agressão a pessoas como eu, que leem (no meu caso liam) este jornal.

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