Liberdade para os pedófilos

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Em minha última postagem, a anterior a essa, externo minha indignação com quem ainda apoia “a pauta” do presidente Bolsonaro e recebi uma saraivada de críticas, muitas no mesmo tom de minha manifestação. Entre esses xingamentos, estava o de Rubens Júnior, coordenador estadual do Movimento Conservador.

Com o intuito de entender o pensamento dessas pessoas, convidei e Rubens Jr aceitou a me conceder entrevista no programa O Deda Questão na radioweb 365, e assim aconteceu. É o tipo de entrevista, imagino, que daqui dez, vinte anos, servirá de apoio a algum pesquisador que busque elementos para ordenar essa época atípica que estamos vivendo.

Rubens Jr. estudou no colégio Dom Aguirre de Sorocaba, se graduou em Engenharia Civil pela Universidade de Sorocaba, aos 20 acompanhou o movimento dos block em 2013 – marco de toda negação da política no Brasil – e me ensinou algumas coisas: 1) Não existem seguidores de Bolsonaro, mas Bolsonaro é o seguidor de gente como Rubens Jr; 2) Liberdade é a essência do movimento que identifica em Bolsonaro (que eles julgam passageiro e não atende aos interesses deles em 100%) o político ainda capaz de levar adiante o que eles pensam; 3) Olavo de Carvalho, o ex-colunista de Horóscopo do extinto Jornal da Tarde, é o guru deles, o que por si explica a anomalia na formação humanística dessas pessoas. Atualmente com 27 anos, Rubens Jr não tomou a vacina (ele diz que quem toma está sendo cobaia), acredita que a pandemia é uma gripezinha e que ele não será atingido pelo vírus porque tem uma boa saúde.

Bolsonaro não participou de debates na campanha eleitoral e os líderes dos movimentos que o apoiam evitam dar entrevista. Imagino que seja para manter um mistério sobre quem são e pensam. Na medida que eles abrem a boca, o baixo nível do conhecimento que possuem, a imaturidade de seus pensamentos e a infantilidade ao interpretar a existência humana a partir do momento em que eles nasceram é ofensivo. Identifiquei-os assim antes do resultado da eleição e nunca imaginei que Bolsonaro pudesse vencer, apesar da facada e do movimento anti-Lula, anti-PT que se instalou no Brasil. Me lembro de rir como nunca havia rido vendo qualquer programa de TV na entrevista ao vivo que 10 jornalistas fizeram com Bolsonaro na Globonews durante a campanha eleitoral. Nunca achei que ele tivesse seguidores. Um erro crasso. Ele tem seguidores e estão em toda parte.

Depois daqueles anônimos que ganharam fama ao serem presos, apareceu o boçal do cantor Sérgio Reis (me lembro de ter feito uma entrevista com ele quando eu ainda era um jovem repórter no Cruzeiro do Sul e ele ganhava fama ao lado de Almyr Sater na novela Pantanal, em 1989) incentivando ataques contra a democracia. E hoje de manhã, para surpresa geral, a colunista Mônica Bérgamo da Folha de S.Paulo revela que depois de reportagem do jornal O Estado de S.Paulo o comandante da CPI-7 (Comando de Policiamento de Área) da Polícia Militar do estado de São Paulo, com base em Sorocaba, Aleksander Lacerda, foi afastado do cargo em razão de incitar atos contra a democracia. Em sua rede social, ele teria dito que “nenhum liberal de talco no bumbum consegue derrubar a hegemonia esquerdista no Brasil. Precisamos de um tanque, não de um carrinho de sorvete”.

Rubens Jr, Sérgio Reis, Aleksander agem em nome da liberdade. Da liberdade em si. Não da liberdade de respeito ao outro, da que coloca no mesmo patamar a Fraternidade e a Igualdade. Os atos deles equivale ao mesmo de um pedófilo que venha protestar sobre ser proibido ele propagar/fazer sexo com menos de idade.

Eles dizem ter liberdade para não tomar a vacina, mesmo vivendo em contato com os outros. Dizem que há uma hegemonia esquerdista (o que será que isso significa?) Dizem que o STF é autoritário, quando mandar cumprir a lei. É assustador raciocínio tão infantilizado!

Errei, reconheço. Achei que eram todos de um bando circense, de piada non sense. Não são. Eles se levam a sério. Há colegas, ex-alunos, parentes… tão cegos! Eles vêem hegemonia esquerdista no Brasil (Quá-quá-quá…). A Constituição de 1988, chamada da Constituição Social ou Constituição Cidadã, se é do desagrado deles, e vier a ser da maioria, que seja mudada no que prevê a lei, ou seja, com nova Lei.

O Brasil está atravancado por essa pauta e o cenário econômico real (gasolina a R$ 5,70; botijão de gás vendido em 3x no cartão de crédito; quilo da carne bovina a R$ 40…) não demonstra força para alcançar a economia da Bolsa de Valores.

É preciso resiliência! É preciso resistir!

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