Há dois meses as integrantes do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Sorocaba estão vivendo com o fantasma do medo de que algo possa acontecer com alguma das conselheiras ou com alguma das mulheres que recebem amparo e ajuda na entidade.
Tudo isso começou no dia 19 de outubro, quando o armário solicitado pela entidade foi encaminhado para a entidade pela Prefeitura de Sorocaba. As conselheiras pediram um armário com chave para guardar documentos de uso diário da entidade e assim o receberam. Mas a alegria logo virou tormento.
A surpresa foi quando abriram o armário e dentro dele encontraram um frasco de um remédio (própolis) e a carcaça (estojo, cápsula) de uma bala já detonada de um Fuzil 762, de uso exclusivo do exército, e que se sabe a arma preferida da milícia (grupo organizado de criminosos que se dizem justiceiros).
“A gente não pode culpar ninguém. Mas é muito grave o que aconteceu. É muito simbólico um armário ser colocado dentro da nossa sala, fechado à chave, e na prateleira, dentro do armário estar uma carcaça de uma bala de fuzil 762, um dos mais letais, de uso exclusivo do exército, que atinge 1.500 metros para matar uma pessoa, e que a gente sabe que é arma da milícia”, explica Emanuela Barros, presidente da diretoria do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Sorocaba.
“A gente fez o BO (boletim de ocorrência) pedindo ajuda, mas passados dois meses do fato ninguém faz nada até agora”, explica Emanuela. Segundo ela, “a gente demorou para tornar público o fato porque a gente quis que fosse tomada providências neste período, para a gente se sentir mais segura, e nada foi feito até agora”.
Emanuela explica o sentimento dela e das demais conselheiras: “A gente está com medo porque a gente não sabe se é um louco que fez isso, se é uma brincadeira de mau gosto, se é alguém de dentro, tipo o marido de alguma mulher que a gente atente no próprio conselho”.
O clima dentro do Conselho dos Direitos da Mulher mudou desde o ocorrido: “A gente não sabe quem foi que colocou aquela bala ali e não sabendo dá mais medo ainda. Sou uma pessoa que sempre tive coragem de enfrentar o medo, mas eu estou muito triste, não só por mim, mas por todas as companheiras de conselho. A gente não sabe de onde veio isso. Não sabe o que quer dizer e decidiu denunciar porque é uma ação muito grave, ainda mais neste momento muito triste que estamos vivendo em nosso país, de muita violência. Não posso nem pensar, Deus me livre, de acontecer alguma coisa com alguma conselheira. É muito grave.”
O Conselho Municipal dos Direitos da Mulher é um órgão consultivo e deliberativo, fiscalizador, de caráter permanente, constituindo-se num órgão colegiado pleno, de composição paritária entre o Poder Público e a Sociedade Civil, o conselho tem por finalidade garantir à mulher o pleno exercício de sua cidadania, por meio de propostas, acompanhamento, fiscalização, promoção, aprovação e avaliação de políticas para as mulheres, em todas as esferas da Administração Pública Municipal, destinadas a garantir a igualdade de oportunidades e de direitos entre homens e mulheres, promovendo a integração e a participação da mulher no processo social, econômico e cultural.