Estive hoje no velório da dona Mary, uma pessoa querida, que fazia o melhor cabrito ensopado que já comi, que sempre teve uma palavra de incentivo e admiração por mim, uma pessoa generosa e que viveu bem e, se pode dizer isso, morreu bem também, aos 87 anos.
Encontrei amigos e um, muito querido, me disse no contexto de nossa conversa que eu estou muito focado nas críticas ao Bolsonaro. Que eu deveria ser mais leve com o presidente e me externou uma convicção rara, e assustadora, de que ele será reeleito. Não consigo imaginar uma situação dessas… enfim.
Num outro momento, ainda na manhã de hoje, quando dei parabéns a um amigo querido por seu aniversário, a conversa se estendeu e ele me disse: “Saiba que o admiro muito e gosto muito do que você escreve”. E eu agradeci: Obrigado querido. Fico feliz em saber disso. É importante para mim essa sua manifestação, ainda mais neste momento. E ele completou: “Lembro-me dê você há muito. Você é um grande profissional e um tipo de ser humano que a Humanidade precisa muito. Quanto que Sorocaba deve a você e agradece por tudo aquilo que tem feito. Sinta-se abraçado com carinho, respeito e admiração”.
Esse momento, de tamanho antagonismo, exige sabedoria para que se mantenha a civilidade, mas gera uma dúvida séria sobre se manter ou não amizade com quem é bozoísta, o praticante do bolsonarismo. Evidentemente que onde há laços, amor, história essa relação será permanente, mas entre os colegas isso também prevalecerá?
Tenho minhas dúvidas.
Dias atrás, um colega gritou (ao escrever em letras maiúsculas) democracia ao praticar o bozoismo defendendo a não-vacina. Uma clara distorção do que é ser democrata. Ele disse que qualquer proibição em eventos, locais, atos de quem não tem vacina se trata de arbitrariedade, de falta de liberdade. Esse amigo, como o bozoísta de um modo geral, é incapaz de compreender que eles são arbitrários, fascistas, ao sobrepor o interesse individual, deles, ao coletivo. São eles que estão contra a liberdade. Mas são tão obtusos que não conseguem entender o básico, ou seja, que o interesse coletivo é maior do que o individual
O que é interesse da coletividade?
É o que justifica a existência do Estado, local onde vive uma coletividade. Viver em sociedade é perseguir e proteger o interesse público. “Por tal princípio entende-se, que sempre que houver conflito entre um particular e um interesse público coletivo, deve prevalecer o interesse público”, ensina a Constituição.
O bozoismo nega isso. Aí me pergunto: Como ser mais leve com o presidente, seus súditos, que negam o básico?
Não sei até onde vou resistir, mas sigo firme em meu propósito de defender a liberdade a partir do interesse coletivo, constitucional. E fico feliz que outras pessoas vejam isso.