Muita gente, por muito tempo, vem desacreditando Dória

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Os 4 primeiros casos de infecção relacionados à BA.2 no Brasil, uma variante “prima-irmã” da ômicron que parece ser ainda mais transmissível e se tornou dominante em locais como Dinamarca e Índia, foram identificados nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

E daí?

Daí que o perigo segue nos rondando.

O geneticista David Schlesinger, CEO da Mendelics, um laboratório privado que também integra a rede de vigilância genômica de São Paulo, explica que a ômicron BA.1 já era um dos vírus mais infecciosos que surgiram nos últimos 100 anos. E a BA.2 é mais transmissível ainda.

Mas me chama a atenção este trecho de sua manifestação: “Ela poderia ter sido catastrófica caso não tivéssemos um contingente de pessoas com um bom nível de imunidade pela vacinação e pelos casos prévios, que seguem protegendo contra quadros mais graves na maioria das vezes”.

Apenas em Sorocaba são 3020 mortos e quase 107 mil contaminados, mas poderia ter sido muito pior sem a vacina, aponta o especialista.

Aí entramos no ponto que diz respeito diretamente a cada um de nós, cidadãos e eleitores. O presidente, que concorre à reeleição, foi e é contra a vacina. Mesmo assim, tem 20% de intenção de voto em qualquer pesquisa. O governador Dória, que desde o primeiro momento lutou pela vacina, transformou São Paulo na capital mundial da vacinação, não consegue ter nem 2% de intenções de voto.

O que explica tamanha rejeição de Dória diante de tal façanha?

Haverá opinião para todos os gostos, especialmente de onde parta essa análise.Quero dar a minha a partir de uma experiência que vivi hoje, por acaso. Estava na ACM, onde vou fazer ginástica e nadar, e converso com as moças, senhoras, mocos e senhores que trabalham na limpeza do local. São pessoas do mais baixo nível de instrução. Uma delas me perguntou sobre os candidatos. Falei de Lula e Bolsonaro. E ela retrucou: não tem outra opção? Falei do Ciro e ela me disse: ele é bom? Ouço coisas boas dele. Eu disse que sim e disse que haviam outros: Moro, Pacheco, Eduardo Leite e ela não sabia quem era nenhum deles. Aí eu disse: tem o Dória também. E ela, sem pestanejar, me disse: Deus me livre, esse aí não dá. Eu perguntei: mas qual motivo? Ele lutou desde a primeira hora pela vacina, o Estado de São Paulo está com as contas em dia… E ela me disse: não sei nada disso aí, mas não acredito nele.

Esse é o ponto, na minha opinião. Dória vem sendo desacreditado desde que se tornou prefeito de São Paulo. Primeiramente por ele próprio com seu marketing de quinta categoria se travestindo de gari, cadeirante e sei lá mais o que. Depois, com seu comportamento ao largar nomeio do caminho seu padrinho político, Geraldo Alckmin, e depois Bolsonaro (muitos atribuem ao Bolsodoria a sua vitória sobre Márcio França). Depois, ele passou a ser desacreditado pelo exército de militantes bolsonaristas, em particular pelos bozoítas. Por fim, quem trabalha para desacreditar ele são funcionários públicos aposentados e pensionistas que tiveram a mão grande do Estado, a partir de lei de Dória, sobre os vencimentos dessa categoria. O modo como ele venceu a prévia para ser o candidato tucano deixou a impressão que ele atropelou Eduardo Leite, o governo gaúcho, transformando-o em vítima. A forma como os tucanos de primeira geração foi tratada por Dória. Os revendedores de carros usados (são mais de 50 mil pessoas nesta cadeia apenas em Sorocaba) viram seu negócio balançar com o aumento do tributo imposto pelo governador. Os membros das mais variadas lojas maçônicas, fechados com Bolsonaro, trabalham contra o governador… Enfim, a lista é grande.

O fato é que muita gente, por muito tempo, vem desacreditando Dória. E somente uma boa explicação, mesclando a racionalidade e o emocional, poderá reverter isso. E para dar certo, esse trabalho precisa ser feito desde já, senão faltará tempo. Não é uma causa perdida, mas é a mais desafiadora no cenário da eleição presidencial.

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