O título desta postagem poderia ser sobre o novo filme do Batman, que estréia amanhã no Brasil e eu sou um dos interessados em assistí-lo, mas se trata do primeiro discurso do presidente dos Estados Unidos proferido ontem, seis dias depois do início dos ataques da Rússia à Ucrânia.
A liberdade vencerá a tirania, afirmou ele em outro momento.
Os canais tradicionais (TV e rádio) e os novos (redes sociais) já fizeram suas escolhas. A luz, a liberdade são dos Estados Unidos e as trevas e a tirania da Rússia.
Assim se ganha uma competição onde o público faz escolha: no Big Broder (o Bom sempre venceu nessas duas décadas de programa), na eleição para a Câmara de Vereadores (os eleitos são os assistencialistas, os que “ajudam” aos outros, que dão o que o povo precisa e etc…), na presidência (o movimento anti-mal de 2018, no caso antiDilma, Lula e PT venceu). E será assim enquanto o cidadão se confortar nesta dualidade, simples, compreensível. Acessível, portanto, a qualquer inteligência mediana.
É da nossa cultura, introjetada em cada um de nós desde antes de nascermos (aí que bebê bonzinho, ele nem chuta minha barriga, diz a grávida; ou: esse bebê é um anjo, dorme a noite inteira, o meu outro, nossa, acordava o tempo todo…). Somos educados a dividir a existência entre os bons e os maus. E o “entretenimento”, que nasceu para nos distrair do mundo real que tanta dor e fadiga nos causa, sacramenta essa missão. A fórmula é a mesma. Venha do Batman que resiste há décadas aos novos heróis e vilões até a LadyBug (é assim que escreve?) uma heroína francesa que dominou minha casa desde que minha neta foi seduzida pelo desenho.
Nas redes sociais, pessoas que conheci ao longo da vida, seguem externandos suas certezas sobre a inocente Ucrânia como se ela, em si, fosse protagonista deste conflito. Nem enxergam como a Ucrânia (e o palhaço escolhido pelo povo para governa-los) é tão somente um instrumento dos homens de bem (Biden, Johnson, Macron…).
Como deve ser simples viver assim! Estes são os bons e estou com eles. Estes, os maus, e eu sou contra. O problema são as injustiças cometidas neste obtuso modo de ver e praticar a vida neste mundo, simplesmente, porque ninguém é apenas bom ou apenas mau. E no caso desta guerra, mais ainda. Putin é nefasto, e perdeu qualquer razão que poderia ter, com seu ato de atacar. Mas Biden é igualmente nefasto e o fato de ter sido atacado não significa que seja bom (sim, a guerra não é contra a Ucrânia, ela é apenas instrumento dos Estados Unidos).