Um texto de outubro de 2017, publicado no jornal O Globo, da colunista Cora Ronái, tem sido divulgado por militantes do bolsonarismo nos últimos dias como instrumento de convencimento de que Lula é ruim para o Brasil.
Intitulado “A Caminho do Brejo”, a colunista argumenta que “Um país não vai para o brejo de um momento para o outro — como se viesse andando na estradinha, qual vaca, cruzasse uma cancela e, de repente, saísse do barro firme e embrenhasse pela lama. Um país vai para o brejo aos poucos, construindo a sua desgraça ponto por ponto, um tanto de corrupção aqui, um tanto de demagogia ali, safadeza e impunidade de mãos dadas…”
E a colunista elenca elementos para o seu argumento: “a paixão do Lula pelos jatinhos. Aquelas comitivas imensas da Dilma, hospedando-se em hotéis de luxo. Aquele aeroporto do Aécio, tão bem localizado. Aqueles jantares do Cunha (…) políticos lutando por cargos em secretarias e ministérios não porque tenham qualquer relação com a área, mas porque secretarias e ministérios têm verbas”.
Os militantes do bolsonarismo acham que esse texto torna Bolsonaro bom para o Brasil.
Como se o mundo tivesse acabado em 2017!
Não foi isso que aconteceu. Chegou 2018 e Jair ganhou e seu governo é o que negou a Covid e a vacina e mais de 650 mil brasileiros morreram; no seu avião foi traficada cocaína para a Espanha; seu filho Flávio enricou num tempo recorde numa loja de chocolate; seu ministro coordenava pedidos de propina em ouro; seu governo é do “centrão” o que significa cargos em secretarias e ministérios porque secretarias e ministérios têm verbas; em seu governo o litro da gasolina alcançou o estratosférico 7 reais; em seu governo o dinheiro não dá para comprar o básico de comida; ele usa o dinheiro do governo, que é do cidadão, para gastar em viagens babanescas pelo Brasil e pelo mundo…
Bolsonaro não melhorou em nada, ao contrário, piorou o que já era ruim. Piorou porque ele nega a democracia. Ele demoniza as instituições. Ele usa como prática política o que há de pior no fascismo: a mentira. E para isso cria seus gabinetes paralelos.
Infelizmente!
E o eleitor, apontam as pesquisas, é absolutamente conservador, ou seja, conivente com tudo isso, pois estão consolidadas as intenções de votos em Lula e Bolsonaro, ou seja, a 7 meses da eleição, parece impossível que ele mude seu voto para uma alternativa que nunca tenha sentado na cadeira de presidente. O eleitor quer mais do mesmo.