Com a aprovação de novo regulamento, o cidadão que pagou Plano de Saúde por trinta anos ou mais, se vier a ser diagnosticado com uma doença (ou um novo tratamento) que não está em uma lista da ANS (Agência Nacional de Saúde) ficará sem atendimento pois o operador do plano ficou desobrigado de atender a essa necessidade.
Essa decisão deixa explícito que a lógica dos planos não é a saúde, ou seja, o ser humano, mas o mesmo lucro de qualquer outra relação comercial existente entre o empreendedor e o consumidor.
A mesma lógica foi aplicada nos últimos dias na questão da habitação, onde os bancos passam a ter possibilidade de tirar de seu cliente a sua única moradia caso ele não seja capaz de manter em dia as prestações.
Do ponto de vista Liberal, que é a política do ministro Paulo Guedes, que tanto encanta os mais ricos, são decisões calcadas na coerência do governo em questão.
Isso levanta a questão: impor uma política econômica Liberal tornará o Brasil um país Liberal, de Estado mínimo?
Essa questão é como a charada sobre quem veio primeiro se o Ovo ou a Galinha.
Numa sociedade mais igual, da verdadeira meritocracia, de onde todos os cidadãos partem do mesmo ponto e mesmas condições, ser Liberal é aceitável.
Mas numa sociedade onde a herança da propriedade e a dificuldade de acesso ao conhecimento são base de sua formação, medidas de uma política econômica Liberal, como a dos bancos e planos de saúde, é um escárnio.
Não se torna uma sociedade Liberal matando muitos e beneficiando poucos como ocorre no Brasil de Bolsonaro, onde número de pessoas famintas cresceu 73% e o de bilionários, 48%. Agora, igualmente inadmissível é incoerência do presidente ao pedir que empresários tenham o mínimo de lucro e o ministro Guedes falar em congelamento de preços (como Funaro pensou no governo Sarney) num ambiente progressivamente Liberal. Mostra que além de incompetência estão perdidos.