Quando o avião decolou no aeroporto Cofins em Belo Horizonte, eu estava com um sono danado (eu havia acordado às 5h) e minha intenção era dormir até o pouso em São Luís, cidade onde cheguei para um trabalho de dois meses. Era…
Inicialmente fiquei curioso em ver o mapa do trajeto do voo, uma paixão que se reforçou quando fui aluno do professor Nelson, de Geografia, no Genésio Machado. Depois fiquei zanzando nos outros programas e quando percebi o comandante invadiu minha tela anunciando que o pouso se daria em 7 minutos.
Eu estava concentrado em Gata em Teto de Zinco Quente (Cat on a hot tin roof, 1958, MGM, 108min) Direção de Richard Brooks e roteiro de James Poe, baseado na peça teatral homônima de Tennessee Williams.
O que eu via é a mudança do mundo. Sim, literalmente, mu-dan-ça.
Paul Newman passa 80% do filme bêbedo de uísque. Elizabeth Taylor lasciva em todo olhar que dá ao maridoque foge por não querer transar. Uma criança joga bolo em Taylor e ela enfia a mão na cara dela. Criança invade quarto e dá 3 tiros de revólver… era de festin, mas o fogo saí da arma. A única mulher negra é gorda e subalterna cozinheira. Os negros, garçons. A lista é maior.
Sao elementos impensáveis neste século 21.
Em 1958, filmes só eram vistos no cinema, ou seja, tela grande e sala escura. Essa combinação tem um efeito quase hipnótico na mente humana. Esses elementos que elenquei são secundários na drama da narrativa da história do filme, mas são eles subliminarmente que moldam as pessoas em consequência a sociedade. Lembro que a cultura não é hereditária, o que significa que ao contrário de traços do corpo que um filho herda dos pais e avós a cultura precisa ser transmitida e o filme de cinema é um dos mais eficientes e eficazes meios de se obter isso.
PS – Correção no nome da atriz. Havia chamado Elizabeth Taylor de Sophia Loren…