Assim como não havia sido Bolsonaro quem havia vencido em 2018, ontem também não foi Lula quem venceu.
Há quatro anos o eleitor disse não ao modelo de governo petista. Ontem, disse não ao de Bolsonaro.
Tivesse respondido à altura do cargo que ocupou, respeitando os limites impostos a um presidente qualquer que seja ele; Tivesse respeitado instituições como Ciência, Justiça, Imprensa…; Tivesse tido respeito pelos mortos, e seus familiares, pela Covid19… Certamente Bolsonaro teria sido reeleito ontem. Não foi Lula quem ganhou, Bolsonaro perdeu e para si próprio.
A democracia venceu?
Lula em que pese o julgamento cheio de vícios que lhe mandou à prisão aceitou as regras e cumpriu o que lhe foi imposto.
Bolsonaro, em que pese o tensionamento sistemático de que ele daria um golpe, com falas toscas sobre as urnas, os magistrados, os jornalistas, funcionários públicos…, se manteve dentro da regra democrática.
A resposta, então, é: Sim, venceu a democracia.
Mas, paradoxalmente, também é: Não.
Isso porque a campanha novamente se repetiu no mesmo modelo de ataques aos adversários. Acontece assim desde a redemocratização.
Lula saiu da campanha restringido a ladrão. Bolsonaro, a louco e genocida. O resumo da campanha é esse.
O que fez Lula que melhorou a vida do cidadão? O que fez Lula que piorou? E Bolsonaro?
Ninguém respondeu a nenhum desses questionamentos porque o eleitor não estava, como nunca esteve, se interessando por isso. Então toca falar de banheiro unissex, de fechamento de igreja, de comunista… e tantos outros absurdos.
Chega dessa balela que a eleição é a festa da democracia. Pode até ter sido logo após duas longas décadas de ditadura. Agora, eleição não é festa. É preciso tornar também racional o processo de escolha, não apenas emocional.
Sonho com o dia que eleitor vai votar no melhor e mais preparado. E não no anti…