Já disse algumas vezes, inclusive aqui neste blog, como me divertia com o então candidato Jair Bolsonaro na eleição de 2018. Eu o via como humorista. Aliás, não só eu, a Mônica Iozzi do então CQC também.
Então veio a facada, ele se tornou vítima e a alternativa dos que odiavam o PT. Deu no que deu…
Passados dez dias da vitória de Lula, ainda há fanáticos na porta dos quartéis. Há muita gente cômica ali. O que os torna assim é a convicção de suas crenças.
Por analogia com o que aconteceu em 2018, deveria haver preocupação com essas manifestações de 2022. Mas eu nunca tive nenhuma. Mesmo antes do relatório militar dizendo que não houve nenhuma falha, erro, corrupção… fraude nas urnas.
O que causa preocupação é o andar de cima. Pessoas com mais escolaridade, com mais recursos financeiros, que seguem amarguradas com a derrota e se comportam como se ainda estivessem em campanha.
A mais nova dessa turma é a desacreditar um comunicado de uma cooperativa de médicos alertando para uma nova onda de casos de Covid19. Pessoas com esse perfil dizem que tal comunicado é “mais uma fake news espalhada pelos petistas para tentar diminuir a movimentação popular”.
Não é.
Todos devem se precaver, afinal as notícias sobre a nova onda informam o aumento no número de casos no Estado de São Paulo, Brasil e outros países.
A situação em Sorocaba não é diferente. O padre Flávio Miguel, administrador da Santa Casa me diz que aumentaram os casos, mas não as internações e, segundo ele, isso se deve à eficácia da vacina. Sem vacina os leitos estariam lotados novamente.
Brigar com os fatos é motivo de preocupação, sempre. O circo na frente dos quartéis, não. Tem o mesmo efeito de uma Parada Gay, Marcha da Maconha, comemoração de uma torcida pelo título do seu clube…
O que causa estranhamento é que o motivo é fúnebre, a derrota nas urnas, e não a celebração. É o tempo dessa manifestação, já que numa marcha, parada, comemoração… são algumas horas de transtorno na vida do cidadão comum. Esse féretro já dura dez dias. Ruim para o trânsito, péssimo para a vizinhança e ainda pior para a sociedade que está normalizando a situação.
A tendência é que cada um volte pra casa. Mas isso eu digo do meu ponto de vista, de quem acredita que ganhou, ganhou e perdeu, perdeu. Não consigo exercer meu raciocínio a partir do ponto de vista deles.
Quem sabe vão ficar ali até 2026!
Não é possível saber, pois a imprensa ainda não nos informou quem está ali. São pessoas com tempo livre? São trabalhadores que decidiram morar nas barracas ali montadas? Elas recebem dinheiro para estarem ali? Quem lhes paga? Qual o perfil dos acampados? Homem, mulher, solteiros, aposentados… Falta reportagem por enquanto. Se fez o mais fácil: Parte da imprensa ignora as manifestações. Parte traçou um perfil único de rancorosos eleitores de Bolsonaro que não aceitam a derrota e se comportam como se estivessem sob efeito de algum alucinógeno. Até acredito nisso, o discurso de massa tem esse efeito. O que se resolve com outros discursos ou com um choque de realidade. Esse sempre mais traumático.