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Eu nunca fui bom em receber pessoas e a causa disso pode ser o meu aniversário de 8 anos, quando eu achava que eu teria uma festa e ela não aconteceu. Minha mãe fez um bolo às pressas e um borrão se forma na minha memória e não lembro nem se os de casa cantaram parabéns…

Pois hoje estou vivendo esse mal-estar novamente. 

Após dois anos de insistência, o que me convenceu de que era importante para o negócio, aceitei o pedido do editor João Correia Filho, da Mireveja, e recebo quem se dispor a ir para um encontro de autógrafos do livro de obituários “Minuto de Silêncio”, de minha autoria. Eu gosto do livro. Acho que ele resume o momento de prosperidade e alto astral de um Brasil que não existe mais. 

A última história, a que encerra o livro, aborda Aldir Blanc, vítima de Covid, prenúncio da tragédia que abreviou a vida de mais de 680 mil brasileiros…

A presença do escritor Márcio Blanco Cava, que volta a Sorocaba para autografar seu livro “Cidade das Estátuas”, me deu certeza de que precisava abrir minha casa (um modo carinhoso de se referir a Sorocaba) para o momento desta sexta-feira. 

Eu tive a oportunidade de conviver diariamente com o Márcio durante os sete anos que fiquei no jornal Bom Dia. E desse convívio nasceu uma admiração pela ética e disciplina que ele impõe ao que faz.

Se você, que soube do evento de hoje e ainda está na dúvida se vale a pena ir, eu adianto: Vale. Vale por conhecer o Márcio, um escritor comprometido com a linguagem literária e em colocar o dedo no obscuro período da ditadura militar no Brasil. Márcio narra a história, em primeiro plano, de Ambrosiano, e em tramas subliminares as histórias sobre nós mesmos, que ficamos nas janelas, que propagamos falatórios, que temos nossa verdade nos porões e criamos máscaras a serem enaltecidas em locais públicos e eternizadas em estátuas. “Somos pessoas do bem… queremos apenas fazer o melhor para nossos filhos, a sociedade, o país…” Qualquer semelhança com a realidade de nossos dias não é mera coincidência. 

Sempre é bom ler o que o Márcio escreve e, como hoje, havendo oportunidade, também é bom ouvi-lo.

Apareça… Você é muito bem-vindo. 

Agradeço ao João pela insistência em concretizar o momento de hoje. Agradeço ao Will, que dispensa apresentações, que de pronto, há um ano, topou em abrir o seu Carlota Bar para essa dupla Noite de Autógrafos. Agradeço ao Zé Bocca que levará seu Comidinhas para o Carlota hoje. E faço um agradecimento especial ao professor Aldo Vanucchi, autor da apresentação do meu livro.

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