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Antes do bolsonarismo (movimento de extrema-direita calçado na ausência de empatia e que ganhou nome e milhões de adeptos no Brasil a partir da eleição de Jair Bolsonaro em 2018), a revista Veja, então poderosa e influente, já havia escolhido um lado, abandonando a isonomia, a transparência e mínima objetividade do relato de um fato, e mergulhando em seu suicídio editorial.

Depois vieram outros casos, o mais elementar é o da Rádio Jovem Pan, cujo apelido Jovem Klan, é autoexplicativo da depreciação da marca e fim da credibilidade. Há milhares de casos regionais em que a verdade, a legislação, a Constituição também ficaram em segundo plano, provocando a “morte” desses veículos.

Penso nisso tudo diante do meu estado de estarrecimento com as imagens brutais que acompanham a informação do que o garimpo ilegal provocou nos índios yanomamis: Morte, extermínio, desnutrição, doença…

É a prova da capacidade infinita de fazer o mal do governo derrotado. Não há dúvida!

Mas igualmente é a prova de que não existe mais jornalismo neste país. Quando organismos internacionais denunciavam o garimpo e estatísticas de desmatamento, nenhum, absolutamente nenhum jornalista/veículo foi ver o que acontecia. Tivessem ido, provavelmente o estrago junto aos yanomamis teria sido menor.

Jornalismo é iniciativa privada, não governamental, portanto, é injustificado que tenha sido preciso a troca de governo para se saber a verdade do governo passado. Será preciso a troca deste governo para sabermos o que acontece hoje? Onde estavam os jornalistas? Mais: Onde estavam os veículos de comunicação?

É evidente que a falta de dinheiro provoca isso. Os veículos não conseguem mais viabilizar reportagens. O modelo de negócio (empresa paga o veículo de comunicação para ter espaço do seu produto que visto por seu leitor é consumido por ele) deu certo até o momento em que a sociedade se informava pelos veículos. Ao se informar nas redes, o leitor decretou o fim do jornalismo. Sem jornalismo, os governos fazem o que querem, inclusive dizimam povos originários. 

É preciso encontrar um novo modelo de negócio para o jornalismo, pois ser vira-latas de um governo, como a Jovem Pan, não é a saída. Por um tempo, o tempo de um governo, pode até ser bom economicamente para o veículo, embora péssimo para a sociedade. Mas um veículo de comunicação não é uma igrejinha aberta num salão de um bairro, é uma Catedral cujo a missão é servir o leitor por milhares de anos…

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