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Hoje é dos raros dias no ano que a imprensa pauta a cobertura de um evento na igreja embora ao final da reportagem a gente siga sem saber o motivo, a não ser que é Dia de Santa Rita e que havia um evento na igreja. 

E daí que é dia dela?

Ao longo de décadas, posso dizer que há 56 anos, acompanho a festa em celebração a santa que dá nome a igreja da Vila de Santa Ana.

Desde que tenho consciência de jornalista ninguém responde a: 1) Por que se chama Santa Rita a igreja que fica na Vila Santana? 2) Qual é o milagre que fez santa a Rita, da cidade de Cássia, na Itália, que viveu entre 1381 e 1457? 3) Só a fé justifica chamar Santa Rita de padroeira das causas impossíveis? 

Há semanas as mulheres da irmandade “Coração de Jesus” trabalham na organização dessa festa que na missa de hoje ao meio-dia, com provável flash ao vivo no jornal da televisão, terá a benção de milhares de rosas vermelhas que os fiéis levarão para casa, colocarão num copo com água até que ela morra, daqui uma semana. Há quem vá guardar essa rosa num envelope, saquinho, como relíquia. Elas ficam secas e duram por muito, não diria para sempre. 

Minhas missas, a absoluta maioria delas, foram sempre na igreja Santa Rita, mas nunca tive conexão com ela ou sua história. Faz sentido que as mulheres sintam essa identificação por terem sido, e ainda serem no Brasil e América Latina especificamente, subjugadas pela cultura machista de ofertar benefícios a quem nasceu com um membro no meio das pernas e seja heterossexual.

Me impressionava, porém, a força de atração que Santa Rita exercia sobre minha mãe e algumas das suas vizinhas. Não se tratava somente de uma relação abstrata, mas de sentimentos reais. Minha mãe exalava uma energia concreta advinda de sua crença do poder e presença de Santa Rita em sua vida.

O empresário Paulo Flávio, muito bem-sucedido com a sua empresa Wyda de embalagens de alumínio, pessoa de generosidade, não poupou seu dinheiro na construção de um verdadeiro monumento a Santa Rita em sua Cássia, Minas Gerais, de onde ele é oriundo. O local virou pólo turístico religioso com capacidade para 5 mil pessoas sentadas. São apenas exemplos de pessoas magnetizadas por Santa Rita. São milhões de pessoas no mundo crescidas na cultura da fé, mesmo que a tenha perdido em algum momento de sua caminhada, que param um instante no dia de hoje para evocar a presença secular de Santa Rita no meio de nós. É isso que a mantém viva e ativa em pleno século 21, a lembrança de uma mulher comum que “viveu em seu tempo o que vivemos hoje: violências dentro e fora da família, escalada de ódio, pobreza e miséria”, ensina o escritor J. Alves, graduado em teologia, titular da Academia Brasileira de Hagiologia e autor de, entre outros livros, Santa Rita de Cássia – Novena e Biografia.

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