Viva Faustão 

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Quando eu tinha 14 anos, em 1981, eu estudava na 8° série na escola estadual Genésio Machado, na Vila Santana, saia ao meio-dia e menos de dez minutos depois já estava almoçado, de shorts e deitado no quarto com o rádio grudado na orelha, remexendo a antena para ouvir, apesar do chiado, o programa Balancê no AM 780 Khz, a Rádio Excelsior  

Era um programa de auditório conduzido por Osmar Santos, o pai da matéria, e toda a sua equipe esportiva. Mas um parceiro se destacava, era Fausto Silva. Me lembro do programa ter sido interrompido, deixando de lado a pauta esportiva, para o anúncio da morte da cantora Elis Regina. A imediatez do fato. A tristeza que a notícia trazia. A capacidade do programa em mostrar o tamanho daquela perda… Tudoestá gravado em mim.

Bons anos mais tarde Fausto Silva se tornaria o Faustão, do Domingão. O amigo de minha mãe. Como ela ficava entretida com seu programa, depois do jogo de domingo, e gostava de ter minha companhia para assistir junto com ela. Eu gostava de ver minha mãe feliz com o programa. E do programa gostava do quadro que Faustão indicava livros. Ele tinha uma estante. Pegava um exemplar e indicava a leitura. Que artista de tanto apelo popular faz isso?

Antes, ele foi o Fausto do “Perdidos na Noite” que dividia com o irreverente Silvio Luiz, veterano que segue na ativa. 

Sempre eu quis ir ao Balancê, que era ao vivo, de segunda-feira a sexta, mas sempre deixava pra depois.

Muitos sonhos eu deixei pra depois…

Eu vi Faustão, presencialmente, diversas vezes. Sempre de segunda-feira. Havia reunião dos editores do jornal Bom Dia na sede da Traffic em São Paulo e muitas vezes eu chegava mais cedo e ficava jogando conversa fora com J.Hawilla que adorava contar histórias e eu de ouvir. Então Hawilla me dizia: Preciso ir e saia. Algumas vezes eu o acompanhei até a rua e via ele entrando num carro, no banco do passageiro. No banco do motorista, seu amigo Faustão. Iam almoçar. 

Pessoas que trabalharam com Faustão, muito antes de seu problema de saúde ter virado assunto nacional, quando ele estava aos domingos na Globo ou diariamente na Band, mais recentemente, atestam o quanto ele é generoso, de bom coração, alma boa, pessoa do bem. Eu acredito nisso, pois ouvi sempre o mesmo do Hawilla. 

Mas o seu coração, esse de carne e músculos, que bombeia o sangue que mantém vivo um corpo, está ruim. Precisa ser trocado. Faustão está na fila. Outros 300 e tantos brasileiros também. É uma luta brava. Eu torço para que Faustão resista até que chegue a sua vez.

O Brasil ama o Faustão!

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