Quando eu me dedicava aos estudos acadêmicos, e via sentido em me aprofundar no conhecimento da comunicação, li dezenas de livros sobre o tema. Então obtive o título de mestre.
Tudo isso foi há vinte anos nos primórdios do mundo virtual. Não havia WhatsApp, Facebook e seus similares. No máximo um MSN, acho que era isso, e o Orkut era algo rudimentar.
Coube ao italiano Umberto Eco, referência no estudo da complexidade da comunicação, sintetizar o que são as redes sociais: A democratização da imbecilidade.
As pessoas perderam a vergonha, num primeiro momento, e se orgulham, atualmente, de terem opinião e dar publicidade a ela. Estufam o peito. Se tornou uma necessidade patológica dar opinião assim como uma ida ao banheiro.
O que ouvi de sábado para cá, desde o ataque do Hamas a Israel, é estarrecedor. Com tanta certeza sendo propagada, me espanta que essas pessoas não tenham se voltado pra elas mesmas e se perguntado porque esse conflito ainda não acabou? Pois todas, sejam pró-Hamas ou pró-Israel, têm a compreensão do problema. Têm a solução, portanto.
É irritante!
Sempre existiram imbecis e idiotas, e sempre eles se expressaram, mas era na mesa de um bar, numa roda de amigos. Passava o efeito da bebida e a opinião se desmanchava sem consequência.
Era mais simples a vida.
Hoje o idiota não vai mais no bar externar imbecilidades. Ele faz uma “live”. E outros idiotas assistem. E distribuem para milhões de outros. E a opinião reverbera.
A quantidade se tornou um valor. Não importa que se diga idiotice, mentira ou banalidade. Importa ser seguido.
Quando a comunicação era mediada havia a tendência da entropia. Ou seja, havia um momento de saturação e o processo se acabava.
Espero que essa comunicação virtual também seja assim. Não imagino outro meio de brecar a imbecilidade. Pela educação, não mais acredito. As livrarias acabaram, há espaço apenas para as farmácias. Um indicativo óbvio e ululante de que estamos muito doentes. Será necessário muito tempo, talvez século, para que conhecimento e educação voltem a ser valores importantes à sociedade e ao cidadão.