Saí do cinema completamente arrebatado por “Ainda Temos o Amanhã” e com a certeza de que fiz muito bem em me candidatar novamente ao cargo de vereador como eu já havia feito em 2020, ano de confinamento em razão da pandemia do Covid-19, quando recebi insuficientes 652 votos, porém muito para quem não gastou um tostão, ou seja, foram votos orgânicos, de quem de algum modo já havia visto meu trabalho e história.
Portanto, não é pouco, apenas longe do que exige a regra eleitoral.
Neste ano novamente não tenho dinheiro para montar equipe, fazer adesivos, imprimir folhetos onde possa mostrar ao eleitor que não me conhece qual é o meu currículo e decidir se estou apto a representá-lo no Legislativo. É preciso que haja identificação do eleitor com o seu vereador.
Um caso de muito sucesso, recentemente, quase um fenômeno é o Vitão do Cachorrão, Jussara ou Mônica, nunca sei, dos Animais. Tem, claro, o Manga e agora tem também Balas e o Paulinho. Eu não sou nada disso, não tenho lanche, bicho, profissão, fruta ou doce (ou seria revólver?) no nome. Se for necessário uma alcunha, será livro. Sim, serei Deda dos Livros, os que li, mas também os que escrevi.
Prioritariamente quero ser vereador pela implementação da Escola Esportivo-Literária. Claro que é ser antagonista à falácia da Escola Cívico-Militar que está em curso e logo será realidade. Triste realidade! Eu concordo num único ponto com o governador Tarcísio, a escola pública está saturada, os alunos desmotivados e os professores desorientados, mas ele errou feio no caminho da correção. Não é tratando o filho do trabalhador como bandido (algu viu escola particular, de rico, se transformando em militar?) que vai resolver. O esporte e a literatura, certamente, sim. Um, o esporte, ensina a disciplina e a vida em coletividade. O outro, a literatura, é a possibilidade de expansão da mente, portanto do universo.
Claro que tenho outras bandeiras: Biblioteca Comunitária nos diversos e diferentes bairros; Clubes de Leitura; Espaço de Convivência de Idosos; Auxílio Doméstica para Idosos, onde três vezes por semana alguém capacitado vai limpar a casa e fazer a comida para os idosos…
Não sou sindicalista e nem assistencialista. Não sou da Renovação Carismática. Não sou pastor e nem missionário. Não sou maçom, nem rotariano e nem funcionário público. Isso reduz minhas chances de ser eleito. E muito. Mas não me elimina totalmente do páreo. Ainda vejo uma sociedade capaz de ser livre. Assim é como me sinto. Sem nenhuma amarra ou compromisso com algum lobby. Sou alguém que vê ser possível uma vida harmoniosa sem ser representantes de nicho, núcleo, associação, corporação, clube, fé, igreja… Eu não sou representante de “turminha”, sou de todo e qualquer cidadão, de toda e qualquer fé ou religião. Tenho tolerância zero contra fascistas e extremistas, inclusive a ditadura das minorias que tentam impôr sua visão particular de mundo para toda a sociedade. Eu sou candidato para defender o respeito. Por isso, acredito na alcunha Deda dos Livros. A literatura é o caminho bastante seguro para isso.
Ahhh… Se você está pensando o motivo de eu ter tido a convicção de minha candidatura após ver o filme, eu digo. “Ainda Temos o Amanhã” conta a história de uma pequena vila italiana no pós-guerra, onde o fascismo foi varrido do poder, mas sua ideologia ainda está incrustrada no macho. Soldados americanos estão pelo local. O filme gira em torno da mãe e seus três filhos e o marido dela e a forma “natural” com que ela era vista e destratada. E sua convicção de que uma sociedade só avança quando é educada e se livra das amarras de uma cultura opressora. Adorei o filme, um retrato de uma luta. Minha candidatura poderá ser um fiasco em termos de voto. Ou não, nunca se sabe. Mas já é um sucesso pelo seu propósito. Minha parte eu estou fazendo. Com respeito, amor e alegria. Espero ter o voto das pessoas livres e comprometidas com a educação. Não com as parafernálias de lousa digital, kit robótica e afins. Mas com o conteúdo.