Vencido o prazo da prisão preventiva do provedor da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Sorocaba José Antônio Fasiaben e do vice-provedor Ademir Lopes Soares muita gente imaginava que eles seriam soltos. Mas, ao contrário, além de seguirem presos foram transferidos nesta segunda-feira (22/08) para a penitenciária de Tremembé, no Vale do Paraíba, local que abriga os principais presos que ficaram famosos pela fama que seus crimes alcançaram devido a repercussão na mídia. A imagem dos dois no camburão da viatura de polícia é exclusiva de Carlos Dias do portal de notícia G1 (http://g1.globo.com/sorocaba).
A Justiça também decretou a prisão de Selma Durão, uma das diretoras do plano de saúde da Santa Casa, mas ela está foragida desde o dia 15, quando a ação da polícia prendeu provedor e vice da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Sorocaba.
Fasiaben e Ademir Lopes Soares foram interrogados na quarta-feira passada por crimes como estelionato, organização criminosa, peculato (desvio de dinheiro público) e sonegação fiscal. E, segundo divulgado por quem acompanhou o interrogatório, o vice-provedor admitiu a emissão de notas fiscais do Plano de Saúde “Santa Saúde” em nome da Irmandade Santa Casa. Ou seja, é como se um cidadão “A” contratasse serviços, usufruísse desses serviços e na hora de pagar usasse o documento do cidadão “B”. Ademir explicou que fez isso para salvar as contas do plano de saúde que desde 2014 emitiu Notas Fiscais que juntas somam R$ 25 milhões. A maior parte desse montante não foi paga e a entidade agora é alvo de 320 ações de cobrança.
Porque Tremembé é famosa?
Construída em 1948, Tremembé recebe desde 2002 os chamados presos especiais. A maioria dos detentos que cumprem pena em regime fechado possui ensino médio ou nível superior. São presos que costumam sofrer rejeição junto à população carcerária comum por terem cometido crimes como pedofilia e estupro. Também abriga pessoas que correriam risco de vida em outra penitenciária, como ex-policiais e ex-agentes penitenciários. E ainda presos envolvidos em casos de grande repercussão. As celas, que variam de 8 a 15 metros quadrados, abrigam de 3 a 5 presos.
Quem já passou pelo presídio de Tremembé
A lista de criminosos que ficaram famoso devido a repercussão que seus crimes tiveram na sociedade é longa. Inclui o médico Roger Abdelmassih, denunciado por 56 acusações de estupro, Alexandre Nardoni, acusado de matar a filha Isabella, os irmãos Cravinhos, condenados pela morte dos pais de Suzane von Richthofen, o segurança Lindemberg Alves, acusado de matar a ex-namorada Eloá Pimentel, de 15 anos, e o segurança João Alexandre Rodrigues, que confessou ter esquartejado e queimado seus dois filhos. Recentemente chegou lá o prefeito licenciado de Indaiatuba (SP), Reinaldo Nogueira (PMDB), acusado de crime corrupção com o dinheiro público.
Outros casos de personalidades famosas que passaram ou que ainda estão lá ainda conta com o jornalista Pimenta Neves que matou uma colega de trabalho quando era diretor de redação jornal O Estado De S.Paulo.
Ainda está lá Lindemberg Alves, 23, que cumpre pena desde 2008. Ele, que protagonizou o mais longo caso de sequestro em São Paulo, é acusado de matar a ex-namorada Eloá Pimentel, 15, e de atirar na amiga dela, Nayara Silva. Alves aguarda julgamento.
Edinho, ex-goleiro do Santos, filho de Pelé, foi preso em 2005 por suspeita envolvimento com o tráfico de drogas na Praia Grande (SP).
Gil Rugai, ex-seminarista foi solto de Tremembé em 2009. Ele foi acusado de matar o próprio pai, Luis Carlos Rugai, e a madrasta, Alessandra de Fátima Trotino, em 2004, dentro da casa em que o casal morava, em São Paulo
Mateus da Costa Meira, ex-estudante de medicina, o atirador invadiu uma sessão de cinema do shopping Morumbi, em 1999, e metralhou a plateia. Três pessoas morreram. Ele foi condenado a 110 anos de prisão e transferido de Tremembé em 2009
Rocha Mattos, condenado a três anos de prisão por formação de quadrilha na Operação Anaconda, o ex-policial, ex-procurador e ex-juiz deixou Tremembé em 2005. Hoje, ele cumpre pena em regime aberto. Mattos foi condenado por venda de sentenças
Law Kin Chong, considerado um dos maiores contrabandistas do país, o chinês foi preso em 2004 por corrupção ativa. Ele tentou subornar o ex-deputado Luiz Antonio de Medeiros para que seu nome não fosse incluído no relatório da CPI da Pirataria. Ele deixou Tremembé em 2008.