Quando conversei com o secretário da Saúde da Prefeitura de Sorocaba, médico Ademir Watanabe e ele me disse que fica no cargo (leia postagem anterior), lembrei-me do seu discurso de posse, ainda no governo de Jaqueline Coutinho, e de seus encontros com a médica Janayne Maffis (que seria a primeira secretária da Saúde escolhida por Crespo) e com o advogado Rodrigo Moreno (que foi o secretário da Saúde nos primeiros 8 meses de governo Crespo). Ele entende que o atendimento médico em Sorocaba deve ser o de atenção básica à saúde, ou seja, as UBS (Unidade Básica de Saúde), que muitos munícipes ainda chama de postinho de saúde, deve ser a porta de entrada do paciente no sistema de saúde público.
Esse não é um desejo só do Watanabe, mas estou convencido de que é de todos sanitaristas. Mas o que se vê é que governos adoram ser populistas e atender as demandas da sociedade de maneira simplista e imediatista, investindo muito mais em Pronto Atendimento, como são as UPH (Unidades Pré-Hospitalares) do que na atenção básica.
Em que pese os avanços na saúde pública de Sorocaba ao longo dos 20 anos dos sucessivos governos do PSDB, qual o legado deixado para a atenção básica?
Lembro que Watanabe já havia sido secretário da Saúde e que foi braço direito e esquerdo, em alguns momentos, de Vitor Lippi, secretário da saúde por 8 anos de Renato Amary e depois prefeito por 8 anos. Na gestão havia uma eficiência em atender as especialidades, mas a estrutura não cresceu como a demanda e o que se vê hoje são filas quase que intermináveis, que duram anos, em busca de atendimento.
O discurso de valorização da atenção básica é o que soa como música aos ouvidos de quem pensa em resolver o problema de saúde, mas o que faz com que se possa acreditar que ele não é balela?
A gestão na saúde vai mudar? Ao ver cargos da pasta sendo usados para a acomodação política (leia postagem anterior) fica-se com a incerteza de que haverá mudança. Mais que isso, onde está escrito que haverá investimento em treinamento da equipe? E, mais, onde há sinal de inovação?
Ouvi a expressão que o sistema de saúde de Sorocaba é médico-centrado, ou seja, a quantidade de consultas médicas possíveis na forma como está hoje organizada a saúde, para a demanda que existe, indica que nunca esta conta vai bater.
Ouço, também, que os coordenadores de UBSs estão a cada dia que passa sem autonomia o que na prática significa que quando se pensa em cortar orçamento (por que a crise é real) corta-se da atenção básica. Sem falar, ainda, de que a estrutura que dá apoio à atenção básica, dando retaguarda às UBSs, é falha.
Ou seja, o discurso e a intenção são ótimos, mas a prática…
FOTO: A Secretaria de Saúde, por meio da Área de Atenção Básica, promoveu a Semana de Práticas Integrativas e Complementares em saúde, nas Unidades Básicas de Saúde de Sorocaba, durante o mês de setembro passado. As Práticas Integrativas e Complementares são terapias que tratam o indivíduo de forma geral (holística), ou seja, que levam em consideração os aspectos físicos, psicológicos e energéticos. Dentro das unidades foram oferecidas experiência em tratamentos como acupuntura, yoga, reflexologia, auriculoterapia, reiki, fitoterapia, homeopatia, além de outras. Esses tratamentos auxiliam na cura e prevenção da depressão, hipertensão, síndromes musculoesqueléticas, insônia, enxaquecas e na diminuição e controle da dor.