Vereadora de ideologia de esquerda diz que vereador de perfil conservador, que é pastor evangélico, constrange a Câmara ao propor a concessão de título de cidadão a Bolsonaro

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Por 15 votos favoráveis e 5 contrários, os vereadores da Câmara de Sorocaba discutiram e aprovaram a Moção nº 01/2018, de autoria do vereador Luís Santos (Pros), que manifesta apoio à opinião e posicionamento da atleta Ana Paula Rodrigues Henkel contra a liberação da participação de transgêneros no Campeonato Brasileiro de Voleibol Feminino, a Superliga, sob o argumento de que “não é preconceito, é fisiologia”. A manifestação da ex-jogadora se deve ao fato de Tiffany Abreu ter-se tornado a primeira atleta transexual a atuar numa partida da elite do vôlei feminino. Sua participação foi autorizada pela comissão médica da Confederação Brasileira de Vôlei.

A vereadora Fernanda Garcia (PSOL) falou sobre a luta das mulheres transexuais, a falta de políticas públicas e a violência sofrida por essas pessoas. Também se manifestou contrariamente à moção a vereadora Iara Bernardi (PT) que defendeu o debate de tema “mais sérios e de forma aprofundada”, como frisou. A moção foi aprovada com cinco votos contrários.

Confronto ideológico

Essa moção levou Luís Santos e Iara Bernardi a ocuparem a coluna O Deda Questão no Jornal da Ipanema (FM 91.1Mhz) na manhã de hoje, mas logo ficou claro que essa discussão ficou em segundo plano diante da votação agendada para ocorrer na próxima terça-feira (mas que já foi retirado da pauta) do projeto de Título de Cidadão Sorocabano a Jair Bolsonaro (um dos candidatos à presidência da República).

Para a vereadora do PT, o vereador Luís Santos, que é pastor evangélico, constrange a instituição Câmara Municipal ao propor um título de cidadão, que tem a função de ser uma grande honraria que Sorocaba concede a personalidades importantes, ao propor que o beneficiário seja um “torturador, machista, arauto da violência e que discrimina as mulheres”.

Para o vereador Luís Santos, a vereadora do PT sente constrangimento com a sua proposta porque ela “quer impor à sociedade aberrações ideológicas típicas de uma esquerda seletiva, deturpadora e aloprada”. Luís Santos disse que de todas as coisas que ele ouve Bolsonaro falando, concorda com 90% delas e discorda de 10% e propôs o título por ser o candidato que, na visão dele, “defende a família, a vida, a polícia e é contra a cultura do aborto e a favor da livre iniciativa econômica”.

A vereadora do PT afirmou que essa discussão não cabe à uma Câmara de Vereadores, cujo a atuação é no âmbito municipal. O vereador, por sua vez, entende que numa campanha eleitoral, como a deste ano, é importante que o eleitor sorocabano saiba quem é quem e, principalmente, quem está com quem.

Fica o convite aqui à reflexão: existe algo mais importante para os vereadores fazerem do que conceder um título de cidadão sorocabano a um extremista como Bolsonaro? Obrigar, como uma votação obriga, os vereadores a se posicionarem ideologicamente é importante num momento de tanta animosidade ideológica pela qual passa o Brasil?

Eu entendo que é importante sim esse projeto. Eu quero saber quais dos 20 vereadores sorocabanos é a favor de Bolsonaro.

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