Compartilhar

Quando eu me levantei para fazer xixi na madrugada de terça-feira para quarta eu vi que estava chovendo muito, mas não sabia o quanto. Minha medida é a piscina. Sempre ficam faltando uns dedos, algo entre 8 e 10 centímetros para ela ficar completamente cheia. Acordei às 6h, ainda chovia. E às 7h o céu já estava azul e o sol deu as caras. E na piscina ainda faltavam 2 centímetros para ela transbordar…

Foi uma boa chuva, então! Pensei.

Nada comparado às duas trombas d’água de novembro, dias e horários dos dois primeiros jogos do Brasil na Copa. Mas um teste e tanto para o meu telhado. E ele foi aprovado. 

Não aguentei esperar até às 8h para avisar o Zé Carlos, o meu pedreiro. Sabia que assim como eu ele ficaria feliz em saber da excelência do seu trabalho. Ele não é picareta e nem marreteiro. Nem fez de seu ofício um bico. Ele tem orgulho do que faz.

Eu tenho valorizado gente assim. Não é fácil. Por isso eu compro carne no açougue do bairro, onde o açougueiro gosta do que faz, sabe se a carne é nelore, zebu, angus… Sabe o corte e se é melhor assar, fritar, cozinhar… O molho de tomate, aos poucos tem sido feito e não comprado e quando compro é de quem faz artesanalmente. Na feira, procuro comprar de quem planta…

Não sou contra a indústria e os processos de produção em escala, mas gosto de valorizar os artesãos. Tenho orgulho de quem faz roupas sob medida, embora eu esteja muito distante de ter as minhas feito assim. Aliás, nesse quesito vestuário, estou refém da China. Triste realidade essa minha!

Coisas simples, como fazer a própria comida ou o conserto de um telhado ter resolvido a goteira, agem como mágica sobre mim. É como ficar feliz em meio aos problemas… é viver instantes, tão fugazes, como se eu fosse alguém capaz de me livrar do que me tira o sossego. É só uma ilusão. Uma alucinação. Um sonho. São sentimentos verdadeiramente reais, mas, mesmo assim, incapazes de se sobrepor à verdade de meus dias. Fico feliz, mas o problema ainda existe. O que é paradoxal.

Não há um ponto final, aquele que permite um novo período. A passagem de ano, como o rito sazonal de promessas, é igualmente uma ilusão, a da oportunidade para se refazer o que se deseja materializado… 

Meu compromisso, comigo mesmo, é sair da estagnação financeira, uma urgência, aliás, mas sem que isso seja empecilho para a manutenção do ritmo de leitura, escrita e exercícios físicos que tenho conseguido viver. É meu desafio esse. E o seu, qual é?

Do novo presidente não espero mais nada. Tirar esse que viajou ao resort cafona nos Estados Unidos era o que eu desejava dele. Se continuar sendo democrata, como sua história mostra que é, já terá atendido minha expectativa. Se não fizer nada pela minha vida então… terá feito muito mais que esse mau agouro que se foi. Que só me atrapalhou.

Comentários