Arte e Cultura levadas a sério

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Quando deixei o jornalismo pela primeira vez, em 2003, eu era o editor-chefe do jornal Cruzeiro do Sul – que em julho daquele ano chegava aos 100 anos de fundação – e fui trabalhar no mandato da deputada estadual Maria Lúcia Amary.

Por trás dessa minha guinada profissional havia o desejo de contribuir, de uma maneira mais direta, para uma mudança em nossa sociedade. O que havia feito em dez anos no jornal, era limitado diante do que eu desejava.

Em 2004, ingressei na campanha de Luiz Leite, então candidato a prefeito de Sorocaba. Em julho daquele ano, pouco antes da convenção, ele desistiu (sim, ele desistiu de se candidatar em razão de uma ação na justiça da qual ele foi o vencedor) e seu vice, o então secretário da Saúde de Renato Amary, Vitor Lippi, assumiu a candidatura. Fui colocado no cargo de coordenador-executivo da campanha que tinha o comando de Antônio Melo.

Após vitoriosa campanha, Lippi foi eleito para o primeiro mandato. Uma conjunção de fatores, entre eles o de acomodar no mandato pessoas que eram ligadas a Renato Amary e pessoas ligadas a Lippi, levou à criação da Secretaria de Cultura em Sorocaba. Um sonho meu, essa era a área de atuação no jornalismo que me dava mais prazer.

Como primeiro secretário da Cultura da Prefeitura de Sorocaba, um mandato que começou bem antes, ainda como diretor de área, graças à generosidade da secretária de Educação Terezinha Del Cístia, até a criação da secretaria aprovada pela Câmara, o que aconteceu em maio de 2005, minha missão, como deixei bem claro ao prefeito Lippi, era o de fazer da pasta uma gestora da implantação de uma Política Cultural para a cidade de Sorocaba. A secretaria seria o tripé formado por duas instituições que já eram sólidas e importantes: a Linc (Lei de Incentivo à Cultura) e Fundec (Fundação de Desenvolvimento Cultural).

Uma nova circunstância, acelerada por Lippi quando ele começou a formar o seu grupo político, me levou a voltar ao jornalismo com a criação do jornal BOM DIA do qual fui um dos organizadores de sua invenção a convite da equipe que, à época, estava com o empresário J.Hawilla.

Toda essa memória foi despertada por um movimento, crescente, que vejo nas redes sociais em torno da luta dos artistas, produtores culturais, trabalhadores técnicos da cultura de Sorocaba em ter um mínimo dinheiro nesse período de pandemia.

O Conselho Municipal de Cultura, o Fórum de Cultura e outras frentes e coletivos de pessoas ligadas ao tema são realidades em Sorocaba hoje em dia, juntas, todas somam com o tripé de 2005 (Linc + Fundec + Secretaria da Cultura). Mas ainda assim, a Arte e Cultura não são fortes como deveriam ser.

O que falta, e digo isso com minha experiência depois de estar trabalhando com política desde 2013, quando da criação deste blog (O Deda Questão), é um representante da Arte e Cultura dentro do Poder Legislativo. 

Em que pese o trabalho importante dos vereadores que ai estão, sempre há um motivador primeiro no mandato deles, seja o Funcionalismo Público, seja a Educação, seja a Saúde, seja a Segurança… A Arte e Cultura sempre ficam como segunda ou terceira prioridade dentro do mandato. Não é crítica, apenas fato.

O representante de um setor dentro do Legislativo é o único capaz de motivar o Poder Executivo a tratar com a seriedade que merece a produção de Arte e Cultura. Me lembro de argumentar com o prefeito Lippi de que a Cultura é a única capaz de dar uma oportunidade aos jovens diante do crime organizado, é uma porta para geração de emprego (economia criativa que tanto em moda está hoje em dia), é um caminho para a construção de um futuro calcado na ética e moral.

O artista é uma pessoa sensível e pode ser facilmente iludido por políticos matreiros que, habilidosamente, sabem se aproximar, seduzir, prometer e não fazer nada.

Os envolvidos em Arte e Cultura em Sorocaba têm uma oportunidade de modificar isso.  Há uma eleição se aproximando.

Me coloco à disposição para desbravar esse caminho dentro do Legislativo. Entendo que estou capacitado para dar ao setor da Arte e Cultura o respeito que ele merece, uma vez que  nunca, antes, um pré-candidato colocou como sendo essa como a sua prioridade. Já é hora. E, reforço, artistas e técnicos ligados não sejam ingênuos. Não se iludam com o canto da sereia de quem momentaneamente tem poder e dinheiro para falar o que os ouvidos desejam ouvir. É preciso perspicácia para separar quem fala a verdade, tem uma história de falar a verdade, de quem fala o que soa como música aos ouvidos.

Fui secretário de Comunicação da prefeita Jaqueline Coutinho desde setembro de 2019 até o limite da lei, em 3 de abril deste ano, quando deixei o cargo. Estou como diretor de área na Secretaria da Cultura, onde pretendo ficar até o limite da lei também. O time agora é comandado por JP Miranda, que assumiu no começo desta semana a Secretaria da Cultura. Ele chega cheio de gás, ouvindo as pessoas da área e com planos de que o setor dê um salto nos meses em que ele vai ficar no cargo, trabalhando com estratégias que envolvem o isolamento social, imposto pela pandemia de Covd19, e para o momento de reabertura, quando viveremos o chamado “novo normal”. A seu pedido, tenho ajudado ele no que ele permite. Que tenha sucesso, afinal isso vai reverberar sobre quem dedica sua vida à Arte e Cultura. E, principalmente, vai reverberar na qualidade de vida que desejamos para Sorocaba, os sorocabanos e todas as pessoas que escolheram vir para cá. Essa é minha luta.

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