As professoras

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Nesta semana triste (entre outros motivos por causa do assassinato de uma professora de 71 anos de idade, às 7h20, quando ela começava mais um dia de trabalho fazendo a  chamada de presença na sala de aula, quando nessa idade ela não deveria mais precisar trabalhar para sobreviver, e um aluno de 13 anos, que há tempos apresentava problemas de agressividade, lhe dá facadas) fico sabendo de um fato tão positivo que decidi contar aqui para compensar tanta coisa ruim e, quem sabe, irradiar alguma esperança. 

Uma mãe conseguiu convencer seu filho adolescente (deve ter entre 18 e 21 anos) a passar por um médico psiquiatra ao observar nele traços que ela julga de depressão: O menino abandonou a faculdade, está irritado além do normal, arrumou um subemprego noturno… 

O filho ouviu a mãe e foi se consultar. Escolheu um médico particular, afinal ele não tem convênio e na rede pública o atendimento de um psiquiatra tem fila de espera pela vez na consulta de mais de ano. A mãe pagou a consulta. 

E qual não foi a surpresa da mãe? 

O valor da consulta foi devolvido à sua conta via um pix do médico. E por qual motivo? O médico reconheceu que aquela mãe havia sido a professora que o alfabetizou. Foi a forma que ele encontrou de retribuir o que ela fez por ele, embora ela tenha apenas feito o seu trabalho. 

É um agradecimento e tanto!

Ser grato é uma das características mais evidentes de que uma pessoa foi bem educada e sabe semear o bem.

O que torna a atitude desse médico ainda mais especial é o fato dele ter feito isso em absoluto silêncio. Ele não contou isso a ninguém. 

Então como eu sei disso?  O leitor deve estar se perguntando. 

Foi porque essa mãe, feliz pela atitude do “seu” aluno, e não pelo dinheiro, evidentemente, contou isso para a irmã, que contou para a filha dela, uma pessoa do meu círculo de intimidade, que me contou por razões pessoais.

Esse é o mundo, um cotidiano recheado de crimes que ganham as manchetes, mas também de generosidade. 

Aliás, estou certo que há muito mais fatos e atitudes de amor e gratidão que de crimes e maldição. Por isso também falar deles, sem “normalizar” as atrocidades e seus autores. Vamos manter a indignação com a criança que assassinou à facadas a professora, com a polícia que recebeu a denúncia de que aquele menino assassino demonstrava um estranho comportamento e não se antecipou pra evitar a tragédia.

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