A Viação Cometa é uma das empresas de ônibus rodoviários mais tradicionais do Brasil. Fundada em 7 de maio de 1948 por Tito Mascioli, ela tem o monopólio da linha Sorocaba-São Paulo-Sorocaba há décadas. Ou seja, não há concorrência para quem faz a opção de usar o transporte público nesse trajeto. Por dia, dado do ano de 2010, a empresa transportava 3 mil pessoas entre as duas cidades.
Baseada num modelo norte-americano, inspirando-se na empresa Greyhound Lines, segundo o site Wikipédia, a Cometa na linha da rodovia Castello Branco recolhe qualquer passageiro que esteja em algum de seus pontos ao longo do trajeto. Isso funcionou por décadas. Mas nos dias atuais esse modelo ainda faz algum sentido?
Faço a pergunta a partir do relato que recebo de uma leitora desse blog e da coluna O Deda Questão no Jornal Ipanema (FM 91,1Mhz). Ela passou momento de terror no sábado passado quando o ônibus foi assaltado depois que parou para pegar um passageiro na Castello Branco. Um policial que estava como passageiro atirou contra o assaltante. Houve estilhaços de vidros espalhados, gritos e o barulho do tiro que não saem dos seus ouvidos, 3 dias depois do ocorrido.
Terror dentro do Cometa
Leia a íntegra da narrativa da jornalista Márcia Belmelo, de uma aterrorizante experiência vivida por ela dentro do Cometa:
Bom dia Deda, tudo bem?
No sábado eu voltava de São Paulo em um ônibus da Cometa às 20:30. Quando passávamos pelo km 16 da Castelo, em Barueri, um homem bem vestido deu sinal e o motorista parou para que ele entrasse. Daí, outros dois surgiram e entraram no ônibus. Um apontou uma arma para o motorista, o outro entrou gritando sem parar que era um assalto e todos os passageiros deviam pôr as mãos no alto da poltrona e colocar os celulares em uma mochila dada por ele. O bem vestido ficou na escada do ônibus. Eu estava sentada na poltrona 8 e quando fui colocar meu celular na mochila escutei um tiro e o vidro entre a escada e o primeiro banco estilhaçando. Em seguida gritos de todo mundo e do movimento delas deitando-se no chão. Os bandidos fugiram e vi um policial correndo pelo corredor e gritando para o motorista seguir. Foi quando todos entendemos que o policial estava no fim do ônibus e atirou. Fomos até a base da polícia de Barueri, atendidos e transferidos para o ônibus que vinha no horário seguinte.
Foi uma experiência terrível, mas estou grata pela rapidez e eficiência do policial. Ele estava bem preparado para o que fez. Na base da polícia fiquei sabendo que nos últimos 15 dias esse foi o terceiro assalto nos mesmos moldes. Nos anteriores, os bandidos fizeram um arrastão e apenas no nosso caso o assalto não teve êxito.
Tiro duas lições: 1) Infelizmente a Cometa precisa repensar as paradas na estrada. 2) Que Brasil é esse em que vivemos onde não podemos nem usar o transporte coletivo com tranquilidade! Também passei a defender com mais veemência o desarmamento dos cidadãos, pois não temos o sangue frio, e nem treinamento, para agir como o policial agiu dentro do Cometa.
Obrigada pelo desabafo.
Foi aterrorizante. Acho que isso deve servir como alerta.Tentei entrar em contato com a Cometa, mas os canais são péssimos.
Não contei antes (o fato foi há 3 dias) porque estava super mal: Os gritos e o barulho do tiro não saem dos meus ouvidos.
Obrigada por dar voz às calamidades que enfrentamos nesse país miseravelmente rico que vivemos.
FOTO: a imagem do Cometa parado na rodovia é apenas ilustrativa e não se refere ao caso aqui relatado.