Todo fato é uma ocorrência no mundo real e, invariavelmente, essa ocorrência é precedida de um sentimento individual ou coletivo a respeito dessa ocorrência. Há um campo do conhecimento que chama isso de intuição, outro de abdução, outro de lógica… Pouco importa, uma vez que a vida, de cada um, individualmente ou coletivamente, é feita de fatos.
E se há um fato real (por mais que o discurso negue, distorça ou acrescente elementos a ele) esse fato é a pandemia do novo coronavírus (Covid 19). Negar sua existência é apenas isso, uma negação.
Atenção, a negação não significa o sumiço do fato. E as mortes estão aí para nos entristecer e aterrorizar. Em Sorocaba, até ontem, eram 383 mortes. No Brasil já são 137.350 vidas ceifadas.
Mesmo assim, voltou a crescer um sentimento (aquilo que precede o fato) de que a pandemia passou. A verdade é que vai passar, mas não passou.
Eu frequento, desde que Sorocaba entrou na Fase Amarela, a ACM onde voltei a nadar (o que tenho a agradecer, pois sem exercício engordei 20 kg, passei a ter labirintite, minha pressão arterial subiu) e a recuperar minha saúde. Mas, passados pouco mais de um mês, já vejo outros frequentadores afrouxando nos cuidados e fazendo pressão para que a direção da ACM libere os banhos de chuveiro. Esses colegas associados, claramente, dizem que já passou. Não é verdade.
Sábado à tarde, na avenida Washington Luiz, na região do Campolim, em Sorocaba, me assustei com um bar que tem um deck, com mesas ao ar livre, absolutamente lotado de jovens, sem máscaras e sem distanciamento.
O que se viu nas praias no feriado, absolutamente lotadas, são outro indicativo de que as pessoas acreditam que já passou. Não é verdade.
Leio de um amigo, empresário, o relato de que na empresa dele durante todo o confinamento foram registrados 9 casos de Covid e, agora, pós feriado, já são 12 casos confirmados e 2 aguardando o resultado.
A realidade é reflexo do sentimento de cada um de nós. Se as pessoas acharem que a pandemia acabou e assim agirem, isso não significa que ela acabou. Infelizmente, não há remédio mágico (ainda bem que o presidente refreou o seu ímpeto em relação à cloroquina e seus seguidores também). Há apenas a ciência, ou seja, a vacina. Até lá é preciso respeitar a si próprio e ao seu vizinho.