Bem à esquerda

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Se as pesquisas de intenção de voto se confirmarem nas urnas no próximo domingo, pela primeira vez na história, o Estado de São Paulo terá no Senado um representante com menos de 40 anos de idade e ideologicamente bem à esquerda.

Trata-se de Juliano Medeiros, historiador, cientista político e presidente nacional do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade).

Para ele fazer história, basta Lula ser eleito presidente e Márcio França senador (lembrando que neste domingo será eleito um senador e na próxima, dois). Juliano é o primeiro suplente de França que, bastante provavelmente, será ministro de Lula. 

Ao contrário do que se prega, Lula (ex-presidente) e França (ex-prefeito e ex-governador) mostraram no exercício do cargo que são, ideologicamente, de centro-esquerda. Juliano em toda sua carreira partidária e intelectual na produção de estudos sobre o Brasil e os governos Lula e do seu próprio partido está claramente bem à esquerda dos dois. 

São Paulo sempre elegeu senadores à esquerda: Suplicy ficou 24 anos lá, depois tiveram Marta, Serra, Aluísio Nunes… Todos de centro-esquerda. Não bem à esquerda como Juliano.

Para entender quem é Juliano, cito uma frase sua, assim que foi escolhido o 1° suplente: “Informo a todas e todos que aceitei o convite para assumir a vaga de primeiro suplente de senador. Seguirei lutando para construir uma saída de esquerda para a crise que o Brasil vive, para unir os partidos e movimentos do campo popular e apostando num projeto de renovação das esquerdas. Os sonhos não envelhecem. Seguimos!”

Trajetória

Juliano Medeiros tem 38 anos, é gaúcho de Sapucaia do Sul e mora em São Paulo. Doutor em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UnB) e mestre em História pela mesma instituição, ocupa o cargo de presidente nacional do Partido Socialismo e Liberdade – PSOL desde 2018. Foi presidente da Fundação Lauro Campos e coordenou a Liderança da bancada do PSOL na Câmara dos Deputados. Iniciou sua militância no movimento estudantil secundarista e foi duas vezes diretor da UNE, entre 2005 e 2009. Em 2017, publicou pela Boitempo Editorial o livro “Cinco mil dias – o Brasil na era do lulismo” e, em 2022, lançou “A nova esquerda na América Latina: partidos e movimentos em luta contra o neoliberalismo”, pela Autonomia Literária.

Militância

Juliano Medeiros iniciou sua militância política no movimento estudantil secundarista em 1999. No mesmo ano filiou-se ao Partido dos Trabalhadores (PT). Em 2005 integrou a dissidência que ingressou no Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). No ano seguinte assumiu a Diretoria de Movimentos Sociais da União Nacional dos Estudantes (UNE). Em 2007 foi reeleito para a mesma diretoria e no mesmo ano assumiu um assento no Diretório Nacional do PSOL. Após deixar o movimento estudantil, assumiu a coordenação política do mandato do Senador José Nery (PSOL/PA) em Brasília. Foi assessor parlamentar da Senadora Marinor Brito (PSOL/PA) e do deputado Ivan Valente (PSOL/SP). Eleito para a Executiva Nacional do PSOL em 2013 tornou-se Secretário de Comunicação do partido. Em 2015 assumiu a coordenação da Liderança do PSOL na Câmara dos Deputados e foi eleito Diretor-Presidente da Fundação Lauro Campos, órgão de estudos e pesquisas do PSOL. Em 2017, no VI Congresso Nacional do PSOL, foi eleito presidente nacional do partido. Em 2018 coordenou a campanha presidencial de Guilherme Boulos e, no mesmo ano, integrou a coordenação de campanha de Fernando Haddad no segundo turno. Desde então tem papel destacado na articulação dos partidos de oposição ao governo de Jair Bolsonaro.

Durante todo esse período, Juliano Medeiros desenvolveu ativa militância internacionalista, sendo representante da UNE e do PSOL em diversos eventos fora do Brasil. Mantém relações com partidos, movimentos e dirigentes políticos da esquerda em diversos países, notadamente Espanha, Portugal, Chile, Estados Unidos, Palestina, Uruguai, Colômbia, dentre outros. Colabora com sites, revistas e jornais no país e no exterior há vários anos, com dezenas de artigos publicados.

Obras

Um mundo a ganhar (Multifoco, 2013)

Um partido necessário – 10 anos de PSOL (FLC, 2015) Cinco Mil Dias: o Brasil na era do Lulismo (Boitempo, 2017).

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