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Um cidadão do bem, que vendeu um terreno na periferia de Sorocaba para um investidor de São Paulo construir um condomínio no local, mesmo sabendo que a legalização da área estava emperrada há dez anos e não deverá sair (“esperto” lidando com mais “esperto”), postou em sua rede social na tarde desta sexta-feira uma defesa do atual presidente. 

Ele usa duas cenas de vídeo: Numa Bolsonaro é bom com um garçom e na outra Lula é mau. Não há contexto e nem explicação, apenas o raciocínio maniqueísta.

Este seria apenas mais um incômodo para mim, entre tantos que pulam em minha Linha do Tempo, não tivesse eu, por coincidência, almoçado hoje no mesmo restaurante que Bolsonaro almoçou no mês passado quando esteve em Sorocaba. Perguntei aos funcionários coisas como onde ele se sentou, o que comeu, o que falou… Minha surpresa foi ouvir que ele não falou nada, não conversou com nenhum garçom. 

O dono do restaurante, pelo que soube, é bolsonarista e parte dos seus funcionários vêm da Parnaíba. Por respeito ao dono, por medo de desagradar ou por preferência mesmo no atual presidente, um deles diz que vai de Bolsonaro no 2° turno. A gente nunca sabe se é verdade. O garçom deseja agradar. Tanto que o referido garçom ficou confuso quando soube que dos seis comensais, cinco vão de Lula. Seu sorriso largo, de dentes grandes, me soou de alguém constrangido ao saber dessa informação, pois ele está condicionado de que lá só vão eleitores do atual e não do ex.

Pensei, enquanto eu estava no restaurante, que não tem importância alguma o fato do presidente não ter conversado, ou melhor, não ter sido simpático com os garçons. Isso não faz dele pior ou melhor presidente. Seus atos sim dizem muito ele e seu governo: Os estratosféricos cortes que ele fez nessa semana no dinheiro da educação; sua imitação das pessoas que morreram por falta de ar na pandemia; seu combate à vacina dizendo que quem tomasse viraria jacaré; seu insulto aos nordestinos… Mas se ele se dá o direito a um momento de privacidade em seu almoço não vejo como problema. 

Mas a postagem do vendedor “esperto” diz o contrário, ser ou não simpático com um garçom é importante. Me pareceu desespero. Um apelo final. Como se houvessem votos a serem conquistados. Não acredito que eles existam. Quem acha menos grave o que fez Bolsonaro quando comparado a Lula, votará 22. Quem acha grave o que Lula fez, mas acha ainda pior o que fez e segue fazendo Bolsonaro votará 13. Não há muito a se dizer mais de um ou outro. Não acredito que faltava dizer como eles tratam os garçons. Isso é tão cômico, embora menos engraçado do que as fake News do banheiro unissex. Bizarro que tais temas possam definir um voto sobre quem vai comandar uma das dez maiores economias do mundo!

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