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Quando X foi contratado para ser motorista de ônibus numa linha urbana de transporte coletivo, ele achou que seu trabalho seria parar nos pontos, esperar o passageiro subir e ir adiante…

Quando Y aceitou o emprego de funcionário na portaria de um clube, onde a maioria acessa ao recinto de carro, passando a carteirinha por um sensor para liberar a cancela, ele achou que seu trabalho seria observar e auxiliar o sócio em caso de necessidade como, por exemplo, quando a cancela não abre…

Quando Z decidiu ampliar seu rendimento e fazer a vigilância na entrada da padaria, ele achou que seu serviço seria evitar que qualquer freguês fosse importunado por alguém que estivesse ali para um motivo que não fosse consumir o que é vendido no estabelecimento…

O que essas pessoas descobriram com o passar do tempo é que de fato, eles fazem isso tudo para o que foram contratados, mas há algo ainda mais importante. Eles devem dar/devolver a saudação de Bom Dia.

Com o tempo, eles entenderam que além da palavra Bom Dia também é preciso acertar na entonação das palavras.

Nem X,Y ou Z fizeram as contas, mas por baixo em 2022 eles falaram, cada um, por volta de 300 mil bons dias. 

Haja saco!

E é espantoso como cada passageiro do ônibus, sócio do clube ou freguês da padaria é egoísta. E reclama quando não é correspondido no seu bom dia. E leva sua reclamação para sua página de rede social. Esse foi o caso de um amigo daqui que passa parte do ano em Florianópolis. Ele reclama que o motorista de ônibus de lá não dá bom dia. E acha isso absurdo. Não é… Apenas ele quer dirigir e só.

A expressão bom dia, segundo qualquer dicionário, seja o da língua, o de costumes, de psicologia, de religião…, é ato de empatia. É o de se colocar no lugar do outro, é emanar boa energia, é o de desejar o melhor a quem não conhece, é o bem… 

Mas isso vale para os dois lados. Dar 300 mil bons dias por ano está muito, mas muito além de qualquer bom senso. É preciso se contentar com um olhar, um leve movimento dos lábios, a contração de uma musculatura do rosto. A empatia está nisso também.

Agora, importante estar atento, para um detalhe: Alguns negócios são a própria empatia, simpatia, ambiente de bem-estar. Cito dois exemplos, uma padaria onde comprei pão durante muito tempo e o dono me falou: Meu negócio não é vender pão, coxinha…, mas bem-estar. De quebra a freguesia leva o pão. O outro o churrasquinho do Dante no caminho de casa que está sempre cheio. Tem uns outros dez, mas só o Dante está lotado. Ele esbanja alegria e bem-estar. Cada carro que passa é uma buzinada, uma piada, uma expressão de ternura que Dante das 16h às 22h, de segunda a sexta-feira, retribuí.

Mas esses são os negócios dos empreendedores, que não é o do motorista do ônibus. Chega de amolar!

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