Bonito é roubar 

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Em que pese a única estratégia para lidar com fanáticos – que repetem à exaustão o que um “chefe” lhe manda dizer – seja o silêncio (ou seja, não retrucar, debater, não se irritar, mas gelar, ignorar, tratar como se não existisse), ainda assim eu encontro discussões sobre os caminhos políticos dessa eleição, ao menos no mundo virtual.

Um homem, que não conheço, cujo a capa da sua rede social é a foto de seus candidatos a deputado federal e estadual na Igreja do Reino de Deus (sim, a do Edir) decidiu dizer que se tratava do Lula uma postagem claramente endereçada ao presidente de plantão. E ao invés do silêncio, uma saraivada de respostas (que é o que o ideólogo do presidente pregava) foi lhe jogado para cima. Todas respostas racionais. Como se um fanático fosse capaz de compreender!

Mas uma pessoa ao entrar nessa discussão (ou xingamento, melhor dizendo) me chamou a atenção.

Trata-se de um empresário que eu conheço. Homem na faixa dos 65 anos, culto, bem-sucedido do ponto de vista profissional, dono de uma empresa grande, estabelecido em Sorocaba desde os anos 80, frequentador da Igreja Católica São Judas Tadeu, amigo do padre Flávio…

Primeiro: Não entendi o que ele fazia naquela postagem.

Segundo: Eu o conheço razoavelmente para saber que ele também acha Bolsonaro um obtuso, burro e se irrita com ele, porém o vê como único capaz de derrotar Lula. Esse é o seu único objetivo, evitar a volta do PT ao governo. Embora no governo do PT ele tenha tido o seu momento mais próspero.

Terceiro: Ele viveu para construir sua empresa e, em seguida, passou a viver para manter sua empresa viva. Isso significa ele lutar por um país onde as regras de quem pode mais, chora menos. Ele chama isso de Liberal. Ele pouco se importa com o patamar de onde as pessoas estão para “crescerem” na vida. Sua lógica é: basta trabalhar.

Enfim, ele resolveu cumprir o seu papel de divulgador da ideologia do presidente, que ele acredita representar melhor a sua, com a seguinte ironia: Bonito é roubar.

Foi difícil, mas me controlei e não cedi ao ímpeto de entrar nos xingamentos do referido post. Mas aqui não furto a dizer o que penso de tal ironia.  Primeiramente, a resposta é não. É muito feio roubar. Ainda mais roubar de assalariado. A inflação dos últimos três anos nos alimentos, combustíveis e transportes é o mais amaldiçoado mal que poderia recair sobre quem vive com o dinheiro contado. O preço dos remédios passou do absurdo. Na balança, Bolsonaro é mais ladrão que qualquer outro político. E Bolsonaro sabe disso, do contrário não teria partido pra cima do rapaz que, devidamente, lhe deu a sua verdadeira alcunha: TchuTchuca do Centrão. Tão divertido quanto Napoleão de Hospício que li endereçada a Ciro Gomes.

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